“Temos recursos, mas falta planejamento e vontade do poder público”, afirma Andrea Caldas
Pré-candidata à prefeitura pelo PSOL destacou as desigualdades em meio ao orçamento robusto de Curitiba.
Pré-candidata à Prefeitura de Curitiba pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Andrea Caldas foi entrevistada na manhã desta quarta-feira (22) pela rádio BandNews Curitiba e o Paraná Portal. Em parceria, os veículos promovem uma série de sabatinas com os postulantes a ocupar o Palácio 29 de Março.
Na entrevista exclusiva, a pré-candidata destacou que é possível resolver uma série de problemas crônicos da cidade, como a falta de habitação e a falta de vagas na Educação Infantil, com o orçamento da Capital – um dos mais robustos do país. Na visão dela, falta planejamento e vontade política à administração municipal.
“Curitiba é uma cidade rica, mas ao mesmo tempo extremamente desigual. Mesmo com um orçamento recorde de quase R$ 13 bilhões, ainda convive com problemas persistentes e que até desafiam a lógica. A Cohab (Companhia de Habitação de Curitiba) afirma que há em torno de 50 mil pessoas na fila por uma moradia, e pesquisam mostram que existem 100 mil imóveis desocupados na cidade. E com um déficit habitacional assumido de 50 mil pessoas, a prefeitura anunciou recentemente a entrega de 400 moradias. É uma gota d’água no oceano. É possível a construção de novas moradias e, por meio de parceria público-privada, ofertar um aluguel social, com subsídio municipal. Falta clareza de planejamento e vontade política, é uma coisa que não se consegue explicar”, aponta Andrea Caldas.
A pré-candidata pelo PSOL também comentou a lista de espera por vagas em creches em Curitiba, que no início do ano chegava a 7,5 mil crianças, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação, e políticas públicas para zerá-la.
“A fila de espera nas creches é um problema que não precisaria existir. Em fevereiro, a fila contava com mais de 7 mil crianças, segundo a própria prefeitura. Desde 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) reconhece que a educação infantil cabe ao poder público. É uma obrigação constitucional, não há o que discutir. Falta planejamento, mas temos recursos pra fazer isso”, completa.
Andrea Caldas também criticou o valor da tarifa do transporte público de Curitiba, atualmente em R$ 6, valor mais alto entre todas as capitais do país, e defendeu o sistema único de mobilidade – medida defendida também por outros candidatos, como Goura (PDT). Segundo ela, ainda é possível pensar em tarifa zero de forma progressiva.
“O preço da tarifa é absurdo, uma das maiores do país, e isso causa uma irracionalidade. Convivemos com ônibus superlotados, mas que por vezes estão vazios, e as empresas que operam o sistema recebem da mesma forma. Eu uso o transporte público, não tenho carro. Mas às vezes opto por aplicativos de transporte, por não ter segurança ou a garantia de chegar no horário. Precisamos fazer com que as pessoas voltem a usar o transporte coletivo, com integração com outros modais. Defendo um sistema único de mobilidade, o transporte é um direito social e deve ser garantido pelo poder público. No primeiro ano de mandato, já conseguiríamos adotar o passe livre estudantil universal, que ajudaria no problema da evasão escolar. E também é possível pensar na tarifa zero progressivamente”, observa.
Representatividade do PSOL em Curitiba
Andrea Caldas se filiou ao PSOL em 2018 e foi candidata a deputada federal nas últimas Eleições, em 2022. Antes, foi filiada ao PT (Partido dos Trabalhadores).
A pré-candidata mostrou entusiasmo com a chapa de candidatos montada neste ano com a federação PSOL-REDE e a possibilidade do partido, que conta com um plano de governo voltado aos trabalhadores e ao enfrentamento à desigualdades, eleger o primeiro vereador ou vereadora na cidade.
“O PSOL é um partido relativamente novo e com expressões diferenciadas no Brasil, que tem se mostrado muito relevante na conjunta nacional pela atuação da nossa bancada. A política tende a reprodução uma lógica de quem já está no poder, o tempo desigual entre os candidatos tende a fortalecer essa perspectiva do mesmo de sempre. Queremos conversar com a faixa que está descontente com os mesmos nomes, das mesmas famílias, e apresentar uma perspectiva diferente. O partido teve uma votação muito expressiva nas últimas Eleições, mas não chegou ao coeficiente eleitoral. Mesmo numa cidade conservadora como é Curitiba, a gente entende que é possível desafiar essa lógica do ‘mesmo de sempre'”, conclui.
Andrea Caldas tem 54 anos, é pedagoga e doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua como professora desde 1987, iniciando sua carreira na educação pública na rede municipal de educação de Curitiba. Ingressou como professora na UFPR em 1993.
É pesquisadora acadêmica na área de políticas educacionais, gestão da educação e movimentos sociais, e concorre pela primeira vez à Prefeitura de Curitiba.
Entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba
Desde a última semana, a BandNews Curitiba e o Paraná Portal promovem uma série de entrevistas com os pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba.
Os nomes foram convidados seguindo a representatividade no Congresso Nacional.
- “Estou absolvido”, diz Beto Richa sobre investigações
- “Vamos substituir a FAS”, diz Luciano Ducci sobre assistência social
- “Ratinho estará na nossa campanha”, diz Leprevost sobre possível segundo turno
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- “Paz entre Prefeitura e Governo ganha a população”, diz Pimentel
- Pré-candidato, Luizão Goulart quer trazer experiência bem-sucedida de Pinhais à Curitiba
- “Existe vontade de candidatura própria no partido”, diz Zeca Dirceu
Nesta quinta-feira (23), o entrevistado será Paulo Martins (PL). Fechando a semana e a série de entrevistas, Maria Vitória (PP) será sabatinada na sexta (24).
