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Saiba se é possível o Coritiba mudar o CEO após protestos da torcida
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB)

Saiba se é possível o Coritiba mudar o CEO após protestos da torcida

Carlos Amodeo é alvo de protestos da torcida por resultados ruins

Pedro Melo - quinta-feira, 6 de junho de 2024 - 16:45

Os protestos da torcida do Coritiba aumentaram nas últimas semanas pedindo a saída do CEO Carlos Amodeo. Depois da venda de 90% da SAF para a empresa Treecorp, os torcedores se questionam: o clube tem algum poder para mudar o diretor?

Amir Somoggi, diretor da Sports Value e especialista em gestão esportiva, explicou que a decisão sobre a saída ou permanência de Carlos Amodeo é exclusiva da Treecorp. “Uma SAF nada mais é que uma empresa. A empresa, mesmo que seja ligada a um clube e milhões de fãs, tem um executivo colocado pelo conselho de administração. O conselho é composto de gente ligada do clube e do dono, no caso a Treecorp. Por serem os donos, eles decidem quem são os executivos e se vai demitir ou não”, disse, em conversa com o Paraná Portal.

“O clube não tem um presidente eleito que representa a comunidade. Mesmo que peçam a saída, se o investidor quiser montar projeto de 10 anos e com crescimento lento, não há nada que o torcedor possa fazer, a não ser não consumir e piorar a situação do clube. Isso é uma realidade na Europa, muitos torcedores perdem a paixão por conta do dono”, afirmou Somoggi.

Contratado em junho do ano passado, Carlos Amodeo completou um ano como CEO da SAF do Coritiba em meio a protestos da torcida. Os torcedores levaram faixas nos últimos jogos no Couto Pereira pedindo a saída do dirigente.

No ano passado, o Coxa foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro e ainda teve a pior campanha na era dos pontos corridos. E em 2024, caiu na semifinal do Campeonato Paranaense e ainda perdeu logo na primeira fase da Copa do Brasil.

COMO FUNCIONA A SAF DO CORITIBA

A Treecorp comprou 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Coritiba e vai investir R$ 1,3 bilhão em dez anos. O processo começou no final em 2022, com aprovação de 96% dos sócios e conclusão apenas em outubro do ano passado. No entanto, a empresa começou os trabalhos meses antes.

No total, o investimento da Treecorp será de R$ 450 milhões em investimento no futebol, R$ 500 milhões para a revitalização do Couto Pereira, R$ 120 milhões do orçamento mínimo anulado destinado ao futebol, e R$ 100 milhões para a construção do novo CT.

A SAF do Coritiba é apenas uma das formas que um clube pode ser estabelecida no Brasil. “Uma SAF pode ser constituída, basicamente, de três maneiras: através da transformação total do Clube Originário em uma SAF; pela cisão do departamento de futebol do Clube e transferência do seu patrimônio relacionado ao futebol; ou mesmo pela iniciativa originária de uma pessoa natural ou fundo de investimento”, explicou o advogado Paulo Giffhorn.

“A forma mais comum de constituição de SAF, que temos visto até agora, é a que se origina pela cisão do departamento de futebol do Clube, como é o caso do Coritiba. Nesta hipótese, a associação civil (Clube Originário), segue existindo, sendo que possui, por força da lei, titularidade sobre as Ações Ordinárias de Classe A, que correspondem a 10% (dez por cento) do capital social da SAF”, acrescentou o advogado.

O Coritiba hoje tem 90% que pertencem a Treecorp e 10% que ficam com a associação. Das dez cadeiras no conselho de administração, nove delas são da SAF e apenas uma da associação. Essa única cadeira está sendo ocupada por Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do clube entre 2012 e 2014.

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