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Appio será o primeiro a ser ouvido em inspeção sobre TRF-4 e Vara Federal de Curitiba

Appio será o primeiro a ser ouvido em inspeção sobre TRF-4 e Vara Federal de Curitiba

A determinação das diligências no TRF-4 e na 13ª Vara Federal de Curitiba foram do corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão.

Redação - terça-feira, 30 de maio de 2023 - 20:00

A inspeção aberta pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre a 13ª Vara Federal de Curitiba e o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) deve começar com depoimento do juiz Eduardo Appio, afastado dos processos da Operação Lava Jato. A informação é da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. 

A determinação das diligências foram do corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão. Os trabalhos devem envolver o acesso a documentos dos gabinetes da  13ª Vara de Curitiba e de desembargadores da Oitava Turma do TRF-4.

APPIO

Ao assumir os processos da operação no início de fevereiro, o juiz federal revisou algumas decisões antigas e retomou algumas ações que estavam suspensas havia muito tempo. Nas gavetas reabertas por Eduardo Appio estavam as acusações contra a força-tarefa Lava Jato feita pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que mora em Madri, na Espanha. Alvo de um mandado de prisão em 2016, o investigado só foi ouvido por autoridades brasileiras no mês passado, após quase sete anos.

Tacla Duran é uma figura meândrica nas investigações. Ele admitiu para autoridades espanholas que chegou a emprestar contas na Espanha e em Singapura para movimentar recursos da Odebrecht em paraísos fiscais. O advogado, no entanto, também fez acusações graves à força-tarefa Lava Jato que foram arquivadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2018 sem uma investigação adequada. Ele afirma que foi extorquido durante as tratativas para assinar um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal em Curitiba. Segundo essa versão, um advogado amigo do ex-juiz Sergio Moro, Carlos Zucolotto, pediu um pagamento de 5 milhões de dólares em propina para evitar a prisão.

Cerca de um mês depois de assumir a 13.ª Vara Federal de Curitiba, o juiz Eduardo Appio revogou o pedido de prisão e marcou uma audiência para ouvir Rodrigo Tacla Duran. As ações do magistrado causaram desconforto aos ex-integrantes da força-tarefa Lava Jato e aos entusiastas da operação por expor temas sensíveis ainda não esclarecidos. O pedido de prisão de Tacla Duran, que havia sido determinado por Sergio Moro em 2016, foi revogado por Eduardo Appio no dia 16 de março. Uma semana e meio depois, em 27 de março, o advogado foi ouvido por videoconferência.

As reações foram imediatas. Integrantes centrais da Lava Jato, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que então ocupavam cargos no Senado e na Câmara, vieram a público e chamaram Tacla Duran de “mentiroso compulsivo”.

No dia 12 de abril, o desembargador tornou sem efeito a revogação do mandado de prisão do advogado. Na prática, a decisão restabeleceu a ordem de detenção, embora Malucelli negue. No dia seguinte, descobriu-se relações mais profundas entre o desembargador e o ex-juiz Moro, em um caso de que deveria configurar impedimento ou suspeição para julgar o caso. Marcelo Malucelli é pai de João Eduardo Barreto Malucelli, sócio de Rosângela e Sergio Moro em um escritório, além de namorado da filha do casal.

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