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Afastado por Bolsonaro, novo superintendente quer resgatar imagem da PRF

Afastado por Bolsonaro, novo superintendente quer resgatar imagem da PRF

Fernando Oliveira incomodou o governo federal, em 2020, por fornecer informações públicas à imprensa durante a pandemia do coronavírus

Angelo Sfair - terça-feira, 4 de abril de 2023 - 11:20

Prometendo trabalhar para resgatar a imagem da corporação, Fernando César de Oliveira tomou posse como novo Superintendente da PRF no Paraná. Ex-chefe do núcleo de comunicação, o policial rodoviário federal chegou a ser afastado do setor em 2020 por desagradar o governo federal, na época comandado por Jair Bolsonaro (PP). Oliveira assume o posto anteriormente ocupado por Antônio Paim.

Durante o discurso de posse, nesta segunda-feira (3), Fernando Oliveira afirmou que o combate aos crimes rodoviários e a segurança no trânsito serão prioridades durante a gestão. Para coibir infrações de trânsito, ele também confirmou a intenção de intensificar o uso de radares móveis nas rodovias federais do Paraná.

Sem citar diretamente o entrevero durante o governo Bolsonaro em 2020, o novo superintendente da PRF no Paraná destacou a história da corporação, que segundo ele precisar voltar a se comportar como uma polícia de Estado, e não de governo.

O uso político da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também está no centro da investigação contra Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que está preso desde 14 de janeiro por suposta omissão no controle dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, em Brasília. Alvo da Polícia Federal, Torres é suspeito de ter mobilizado a PF e a PRF para barrar eleitores nas regiões onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha mais votos durante o segundo turno das Eleições de 2022.

Para Fernando Oliveira, a PRF precisa virar a página e retomar o papel de servir à população, combater crimes e salvar vidas nas rodovias federais.

“Vamos enfatizar a segurança no trânsito sem deixar o combate ao crime em segundo plano. Um dos nossos principais objetivos é resgatar a imagem da PRF como uma polícia de Estado. O nosso papel é fazer com que a Polícia Rodoviária Federal retome o seu caminho no sentido de ser uma instituição respeitada, que priorize a preservação de vidas e que continue seu trabalho de combate a crimes como contrabando, tráfico de drogas e armas, roubo de cargas, entre outros. A PRF tem uma história de longa data e essa história precisa ser preservada”.
Fernando César de Oliveira, novo superitendente da PRF no Paraná, em entrevista à BandNews FM Curitiba

AFASTADO DURANTE A PANDEMIA

Fernando Oliveira foi afastado da chefia de comunicação da PRF no Paraná no dia 25 de maio de 2020, após reportagem da TV Globo revelar um aumento no número de mortes em acidentes nas rodovias federais. Os dados refletiam o afrouxamento das medidas de isolamento social adotadas no país, na época, para conter o contágio pelo coronavírus.

O policial, que comandava o núcleo de comunicação havia mais de três anos, disse à BBC que seus superiores em Brasília consideraram a reportagem “desalinhda” aos interesses do governo federal. Como assessor de imprensa, Oliveira não determinou o rumo da pauta, apenas respondeu aos quesitonamentos e levantou dados solicitados por jornalistas.

Na ocasião do afastamento, Fernando Oliveira também ouviu que seu trabalho causava desconforo em Brasília devido à “abordagem de temas ‘sensíveis aos olhos do presidente’ Jair Bolsonaro, como uso de radares e isolamento social durante a pandemia”.

Aproximadanete quatro horas após a veiculação da reportagem pela TV Globo sobre o aumento das mortes no trânsito decorrente do afrouxamento do isolamento social, a Coordenação-Geral de Comunicação Social da PRF (CGCOM) proibiu que diretores, superintendentes e superintendentes executivos da corporação auxiliassem a imprensa. A ordem disparada pelo WhatsApp ainda determinava que todos os conteúdos de sugestões de pauta e entrevistas da PRF passassem por “expressa autorização” da CGCOM.

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