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Transporte gratuito nas eleições não resolve abstenção nas urnas, diz Ipea

Transporte gratuito nas eleições não resolve abstenção nas urnas, diz Ipea

Nas Eleições 2022, a políticia de isenção tarifária não influenciou no comparecimento de eleitores com menor escolaridade ou que vivem em áreas remotas

Redação - sexta-feira, 12 de maio de 2023 - 16:50

Um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu que a política do passe livre não eleva a participação dos eleitores nas urnas. A medida melhora o acesso aos locais de votação mas, sozinha, não é capaz de dimiuir a abastenção nas urnas. Para aumentar a participação dos eleitores nas eleições, os pesquisadores afirmam que devem ser criados locais de votação mais próximos dos eleitores.

Ainda segundo o Ipea, a redução nos custos de transporte ou a oferta de transporte gratuito, como se viram nas últimas eleições, não tiveram efeito significativo no resultado das eleições presidenciais de 2022. O estudo intitulado “Intitulado Transporte Público Gratuito e Participação Eleitoral” levou em consideração, exclusivamente, dados do último pleito.

A análise de que os custos com deslocamento podem afetar a participação política levou 82 municípios brasileiros a adotar o transporte público gratuito no primeiro turno. A prática foi adotada, no segundo turno, por mais 297 cidades, o que resultou em um contingente de 75,8 milhões de eleitores atendidos nos dois turnos, ou o equivalente a 48,7% do total. Os brasileiros de baixa renda gastam entre 20% a 30% de sua renda familiar com transporte urbano.

A adoção da política de passe livre não teve efeito representativo também sobre a parcela de votos recebida pelo candidato do PT no segundo turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo após competição eleitoral acirrada, com diferença de votos de 1,8 ponto percentual entre ele e seu concorrente, o então presidente Jair Bolsonaro. Os autores avaliaram, ainda, que a política de isenção de tarifas não influenciou no comparecimento de eleitores com baixa escolaridade ou entre os que votam em seções eleitorais localizadas em áreas mais remotas ou densamente povoadas.

O estudo é assinado pelos pesquisadores Rafael Pereira, do Ipea; Renato Vieira, professor da Universidade de São Paulo (USP); Fernando Bizzarro, doutorando na Universidade de Harvard; Rogério Barbosa, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Ricardo Dahis, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); e Daniel Ferreira, doutorando na Universidade de Chicago.

TRANSPORTE GRATUITO NAS ELEIÇÕES TRAZ OUTROS BENEFÍCIOS

Em contrapartida, foi constatado que a política do passe livre nas eleições impactou de forma importante os níveis de mobilidade no dia da votação. “Os municípios que forneceram transporte público gratuito no dia do primeiro turno registraram um aumento de 13,7% nos níveis de mobilidade nas paradas de transporte público. Também houve aumento de mobilidade em áreas de parques (17,7%), em supermercados e farmácias (7,2%) e em áreas de comércio (varejo) e recreação (5,0%) no dia 2 de outubro do ano passado”, aponta o estudo.

A pesquisa sinaliza que a política de isenção de tarifas pode ter resultado em benefícios para o meio ambiente, na medida em que algumas pessoas trocaram o automóvel pelo transporte público gratuito para ir votar, afetando ainda, de modo favorável, o tempo de viagem gasto para acesso às seções eleitorais. O estudo destaca, contudo, que esse benefício foi utilizado por eleitores que já tinham tomado a decisão de votar de qualquer maneira.

*Com informações da Agência Brasil

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