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O futuro do dólar
(Fonte: Banco Central do Brasil)

O futuro do dólar

Veja a análise sobre o futuro da moeda norte-americana.

Lucas Dezordi - segunda-feira, 22 de abril de 2024 - 13:46

Neste ano de 2024, a moeda brasileira sofreu uma depreciação de 7,96%. No início de janeiro o dólar estava em torno de R$ 4,84 e atualmente, mais especificamente em 19 de abril, o dólar fechou em R$ 5,23. Mas quais fatores estão contribuindo para a escalada da moeda norte-americana? Na minha visão, temos pelo menos três eventos os quais justificam esse movimento recente.

Em primeiro lugar, o processo inflacionário na economia dos EUA está mais resiliente. A inflação ao consumidor não está convergindo para a meta de longo prazo de 2,0%. Destacamos que em março a projeção do mercado era um aumento de 0,3% e os dados mostraram uma expansão de 0,4%, IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Em 12 meses, a alta acumulada de preços ao consumidor no país ficou em 3,5%. Com efeito, os juros do Tesouro norte-americanos subiram, atraindo capital para a economia deles. Em resumo, seus papéis ficaram mais atrativos e o fluxo de recursos do sistema financeiro internacional concentrou-se nos EUA, ocasionando uma dinâmica de dólar alta e bolsa de valores aqui no Brasil em baixa.

A instabilidade geopolítica no Oriente Médio, representa o segundo fator. O ataque de Israel na embaixada do Irã na Síria e o contra-ataque dos iranianos, elevou a tensão sobre a região. O dólar e o barril de petróleo subiram no mundo inteiro, pressionando as expectativas sobre os índices de preços para cima.

O terceiro fator é interno. Um dos grandes desafios da economia brasileira é estabilizar o crescimento da razão dívida líquida pública sobre o PIB (Produto Interno Bruto), a qual atualmente está em cerca de 63% do PIB. Uma das formas de estabilizar essa razão, consiste em o governo buscar alcançar superávits primários em seu orçamento. No ano passado, ao apresentar o projeto do novo arcabouço fiscal, o governo havia prometido perseguir uma meta de superávit equivalente a 0,5% do PIB. Entretanto, neste mês, com o envio da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) a meta caiu para zero. Cabe acrescentar que para 2026 a meta fiscal mudou de superávit fiscal de 1% do PIB para superávit fiscal de apenas 0,25% do PIB. Ou seja, a política fiscal vai perdendo credibilidade e, com isso, gerando maior pressão de alta de juros e câmbio.

O futuro do dólar depende basicamente da dinâmica desses fatores e, entendo que a taxa de câmbio vai oscilar em um valor acima de R$ 5,10 por um bom tempo. Pelo menos até o momento o qual a inflação dos EUA começar a ceder.

Lucas Lautert Dezordi, é doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria, economista-chefe da TM3 Capital e professor da PUC PR.

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