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Com Anibal, os problemas na Alep não transbordavam e a casa não era tóxica como hoje, com intrigas e provocações

Com Anibal, os problemas na Alep não transbordavam e a casa não era tóxica como hoje, com intrigas e provocações

Intrigantes mistérios rondam a Assembleia Legislativa paranaense. No momento em que se levantam bandeiras e vozes em busca da consolidação democrática para um Brasil melhor, observamos que, nunca na história recente estivemos tão órfãos de lideranças políticas com pulso e credibilidade para frear escabrosas denúncias de corrupção, intrigas e abuso de poder. Com o “Buda”, […]

Pedro Ribeiro - quinta-feira, 28 de março de 2024 - 15:10

Intrigantes mistérios rondam a Assembleia Legislativa paranaense. No momento em que se levantam bandeiras e vozes em busca da consolidação democrática para um Brasil melhor, observamos que, nunca na história recente estivemos tão órfãos de lideranças políticas com pulso e credibilidade para frear escabrosas denúncias de corrupção, intrigas e abuso de poder. Com o “Buda”, nada ou pouco disso acontecia. “Pau é pau, pedra é pedra ou amigo é amigo, filho da puta é filho da puta”.

Estamos vivendo um clima e ambiente de maior fratura, de uma divisão a qual todos deveríamos tentar impedir. A Assembleia Legislativa tem que abandonar o paralelo ridículo e imbecil de um local arrasado de inteligência, onde parlamentares sobem na tribuna não para fazer discurso propositivo, mas para mostrar armas em operação policial não autorizada, denúncias de propinas, divergências partidárias, provocações e deboches.

A casa está respirando veneno. Tóxico. Hoje, o presidente Ademar Traiano vem se submetendo ao mais rigoroso teste de paciência e tolerância. Tem culpa, admite, o que o levou a perder o controle, embora se esforce para reverter o flagelo.

Nesta cobiçada cadeira, sentou, por vários anos, um homem que não permitia conspiração, patrulhamento ideológico, porque tinha o poder para disciplinar e conter a tropa. Este homem se chamava Anibal Khoury, que deixou uma marca histórica na política paranaense, embora não fosse santo.

Mas, como dizia o ex-governador Jaime Canet Junior, “Anibal é o poder. O resto é o governo”. Essa assertiva se consolidou quando o Paraná era, literalmente, comandado pela “colônia libanesa”. José Richa, governador, Anibal Khoury, presidente da Assembleia Legislativa e Abrão Miguel, presidente do Tribunal de Justiça.

Anibal era um presidente do “miúdo ao graúdo”. Não havia distinção. Ele atendia, com gabinete portas abertas, desde o mais simples até o mais cabeludo dos problemas. Ele mesmo tratava todos com habilidade política. Tinha conhecimento de tudo o que acontecia nos bastidores do legislativo. Não deixava os problemas transbordarem.

Era fonte de informação, pauteiro, manipulava as notícias e também era censor de grandes jornais. Ameaçava, como aconteceu com a colega Sandra Nasser.  Lia todos os jornais antes de iniciar o expediente. Acordava as 4 horas da manhã e as 7 era servido café para cerca de 30 pessoas que frequentavam diariamente sua casa.

No trato efetivo das ações do legislativo, ditava as regras, mandava recados sutis a descontentes, pacificava, coptava ou agregava. Trazia para debaixo de seu chapéu.

Aos domingos, lá pelas 11 horas chegava na residência do governador José Richa, na Granja do Canguiri, para jogar baralho. Lúdico, gostava de contar piadas e se divertia com as mesmas. Até mesmo, quando estava internado, brincou com o ex-governador e amigo, Jaime Lerner: “Jaime acho que me fudi…”. Morreu.

Preso político, Anibal nunca entregou qualquer pessoa, por mais que tenha sofrido pressões. Aguentou firme.

Não ouso afirmar que Anibal Khoury, que, calorosamente,  me chamava de “pedrínio”, foi um excelente presidente da Assembleia Legislativa, porque sabia que não era messiânico. Mas, pela minha convivência de mais de 40 anos de jornalismo, posso afirmar que na sua gestão não havia esse ambiente tóxico que há hoje no nosso legislativo e que, cada vez mais, desacredita o eleitor.

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