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A maldita doença que vem dizimando laranjais no Noroeste do Paraná

A maldita doença que vem dizimando laranjais no Noroeste do Paraná

O Greening é a doença mais temida entre os produtores de cítricos em todo o mundo. Não tem cura. Só erradicando os pomares.

Pedro Ribeiro - domingo, 30 de julho de 2023 - 11:18

 

 

O Noroeste é a região do Paraná que mais produz laranjas. De lá, saem 50% de toda a produção do Estado. São aproximadamente 21 mil hectares cultivados, dos quais saem anualmente 700 mil toneladas e um rendimento de R$ 401 milhões.

 

O vereador Felipe Mulatti e o produtor de laranjas, Edson Coelho, de Alto Paraná, alertam para, num futuro próximo (cinco anos), o fim dos laranjais no Noroeste do Estado, se não houver ações rápidas do governo e conscientização da própria população. 

Está se espalhando na região produtora, a chamada “Greening”, uma doença que atinge a produção de cítricos e com um agravo: não tem cura. Não há veneno que a mate. 

A laranja é a fruta mais produzida no Paraná e em todo o Brasil. Os pomares ocupam a maior área dedicada à fruticultura no Estado e também detêm o maior Valor Bruto de Produção (VBP).

Esta é a doença mais temida entre os produtores de cítricos em todo o mundo. Causada pela bactéria Candidatus Liberibacter spp, provoca desfolha, seca e morte dos ramos. Os frutos apresentam maturação irregular, redução de tamanho, deformação e queda intensa. Transmitida por um inseto chamado psilídeo, a praga faz com que as plantas infectadas tenham sua produção drasticamente reduzida.

Segundo o produtor Edson Coelho, de Alto Paraná, região Noroeste do Estado, “o que temos conhecimento é a de que esta doença vem do ar e se propagada muito rápido”. 

De Acordo com a Associação Nacional de produtores de laranja, a greening foi detectada no Brasil em 2004, gerando perdas para toda a cadeia de cítricos do País. A doença pode atingir as variedades cítricas (laranja, limão e mexerica) e a murta-comum, podendo ser encontrada nas regiões citrícolas sem limitações climáticas. Também foi observado que quanto menor é a propriedade, maior é a incidência de plantas com sintomas de greening.

A única forma de controle da praga é através de inspeções constantes realizadas pelo citricultor: pés com sintomas da doença devem ser eliminados para acabar com as fontes de inóculo.

O controle da doença é feito por meio de inspeções para detecção de árvores sintomáticas, nas quais é feita a aplicação de inseticidas para o controle do vetor. Identificadas, as árvores sintomáticas são arrancadas para diminuir a proliferação da doença, mas esse método é bastante ineficiente. O controle do vetor com pulverizações periódicas também não resolve o problema, além de gerar mais danos para o meio ambiente. Portanto, a forma atual para controle da greening, além de pouco eficiente, torna a citricultura uma produção não sustentável.

O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) observa que quando os primeiros sintomas são detectados a árvore já se encontra contaminada há meses. O período de incubação da doença é de aproximadamente 6 meses a 36 meses, no qual a planta doente é assintomática ou tem sintomas pouco expressivos, permanecendo no pomar e se tornando propagadora invisível da doença. Isso resulta em altas taxas de contágio somadas ao fato de o inseto disseminador ter asas.

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