Por melhores calçadas e acessibilidade, cegos mobilizam protesto em Curitiba

Um protesto marcado para sexta-feira (16) denuncia a má qualidade das calçadas de Curitiba e pede por melhorias na acessibilidade. A manifestação está prevista para iniciar às 11h, em frente ao Instituto Paranaense de Cegos (IPC).

O movimento foi convocado por alunos e funcionários do IPC. Segundo o grupo, a falta de acessibilidade afeta diretamente a qualidade de vida e a independência de pessoas com baixa visão ou perda total da capacidade visual.

“A ideia da manifestação partiu de um grupo que frequenta o IPC. Trocando histórias e experiências, duas questões fundamentais se sobressaíram: a condição das calçadas e as dificuldades no transporte público“, diz Enio Rodrigues da Rosa, diretor-presidente do IPC.

CALÇADAS DE CURITIBA

Enio da Rosa, que é cego, explica que a condição das calçadas não é o único problema enfrentado em Curitiba pelas pessoas com deficiência visual. No entanto, andar pelas ruas da capital tem se tornado um desafio diário.

Entre os problemas enfrentados pelos cidadãos cegos ou com baixa visão estão obstáculos que poderiam ser retirados ou evitados por meio de trabalhos de zeladoria e conservação aliados a campanhas de conscientização.

“Eu sou uma pessoa cega e, mesmo morando em uma região central, ‘vira e mexe’ estou andando por aí e me deparo com lixo na rua, tapumes que ocupam as calçadas e buracos deixados por obras públicas“, relata o diretor-presidente do IPC.

A lei brasileira da inclusão diz que a conservação das calçadas é responsabilidade do poder público, mas uma lei municipal transfere a obrigação para o proprietário dos imóveis adjacentes. “Aí vira um jogo de empurra”, completa.

TRANSPORTE PÚBLICO

O protesto marcado para sexta-feira (16) também pede mais atenção com a acessibilidade no transporte público. Falhas têm sido denunciadas pelos cegos tanto em Curitiba quanto na região metropolitana.

“A orientação sonora [avisos de parada e conexões, por exemplo] é fundamental. As pessoas cegas se orientam muito por isso, se não ficam dependentes dos outros para saber qual é a linha de ônibus e quais são as paradas”, explica Enio da Rosa.

Segundo ele, o IPC se reuniu em junho com a Urbs e a Amep (Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná), que são as responsáveis pelo transporte público em Curitiba e região metropolitana, respectivamente.

Além das melhorias tecnológicas, o Instituto Paranaense de Cegos também demanda treinamento especializado e orientação aos servidores para evitar problemas e constrangimentos nos terminais.

MANIFESTAÇÃO PEDE MAIS ACESSIBILIDADE EM CURITIBA

A concentração do protesto será em frente ao Instituto Paranaense de Cegos, que fica na Avenida Visconde de Guarapuava, número 4186, no Batel. O IPC está na esquina com a Rua Coronel Dulcídio.

Os manifestantes vão usar roupas pretas e devem promover um ‘apitaço’. Faixas e cartazes também serão expostos para que a população conheça as demandas. A manifestação deve durar uma hora, com previsão de encerramento para o meio-dia.