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Escolas do Paraná terão treinamento para alunos se defenderem em ataques

Escolas do Paraná terão treinamento para alunos se defenderem em ataques

“Treinamento de Segurança Escolar” começou no últimos sábado (25). Acompanhamento psicológico dos alunos é importante para prevenção, alerta especialista

Ana Flavia Silva - quarta-feira, 29 de março de 2023 - 19:03

Um treinamento para preparar a comunidade escolar em situações de violência ou ameaças à segurança dentro das escolas começou a ser oferecido na rede estadual de ensino do Paraná no último sábado (25). A primeira ação foi no Colégio Estadual Cívico Militar Ermelino de Leão, no bairro Boa Vista, em Curitiba.

A atividade simulou uma invasão ao colégio, com simulacros de armas brancas e de fogo.  Cerca de 20 instrutores das forças de segurança orientaram alunos e professores sobre as medidas a serem tomadas em situações de emergência. Segundo o comandante do BOPE, major Felipe Serbena, a ideia é definir protocolos preventivos para garantir que alunos e professores saibam agir diante de possíveis ameaças, até que as equipes de segurança cheguem. “Tais orientações são fundamentais para evitar possíveis tragédias como a da Escola Municipal Tasso da Silveira, que aconteceu em 2011 no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro”, ressalta.

A iniciativa foi lançada dois dias antes do ataque que matou uma professora e deixou quatro pessoas feridas em uma escola em São Paulo. O autor foi um aluno da instituição, de 13 anos. Nesta quarta (29), uma ocorrência de violência foi registrada em Arapongas, no norte do Paraná. Um aluno de 16 anos ameaçou outro estudante com uma arma dentro do Colégio Estadual Irondi Pugliesi. Segundo a Polícia Militar (PM), ele fugiu, mas foi localizado e apreendido perto da unidade de ensino. Outras situações têm sido registradas pelo país. “É um efeito de gatilho, um caso desencadeia outros episódios parecidos”, explica a psicanalista especialista em Saúde Mental e Mestre em Antropologia Social, Barbara Snizek Ferraz de Campos.

PREVENÇÃO É NECESSÁRIA

Embora o treinamento possa ser efetivo para reagir a casos de violência, a especialista destaca a relevância da prevenção. “É importante acompanhar e entender como esse sujeito está passando pela adolescência. Se está dando algum sinal de precariedade psíquica, de fragilidade psíquica e que a gente possa levar a sério esses sinais. Não dizer que ‘é coisa jovem’, não deixar passar”, alerta Bárbara. “É importante que se tomem providências, seja com tratamentos psiquiátricos ou psicológicos e que isso não seja minimizado”, complementa.

ATIRADOR EM MEDIANEIRA

No Paraná, um caso de grande repercussão foi registrado em 2018, no Colégio Estadual João Manoel Mondrone, em Medianeira, a 60km de Foz do Iguaçu, no oeste do estado. Um adolescente, de 15 anos, entrou armado no Colégio e disparou contra colegas da turma. Dois alunos ficaram feridos: um de 18 anos, que foi atingido de raspão em uma das pernas, e Bruno Raphael Facundo, de 15 anos, que levou um tiro nas costas, próximo à coluna vertebral. Quatro anos e meio depois, Bruno ainda se recupera. “Foi um processo bem complicado, fiquei longe da família e dos amigos, mas graças a Deus já passou. Porém, ainda me encontro em recuperação, pois ainda possuo sequelas provenientes da lesão neurológica causada pela perfuração do projétil”, conta.

À época, o suspeito e outro adolescente, também de 15 anos e que supostamente dava cobertura ao atirador, foram apreendidos e levados para a delegacia. Depois da liberação do jovem, Bruno chegou a encontrá-lo. “Tive a oportunidade de me encontrar com ele diversas vezes e perdoá-lo pessoalmente. Eu e minha família visitamos ele e sua família sempre que conseguimos”, relata. Hoje, Bruno está com 19 anos e cursa Ciência da Computação, na Universidade Tecnológica do Paraná.

O caso de Medianeira chegou a repercutir com sugestões de leis que previam a instalação de catracas e detectores de metal na entrada de escolas. Os projetos não avançaram.

OLHO VIVO

Atualmente, o projeto Olho Vivo é divulgado como uma forma de evitar ataques. Torres de segurança com câmeras e inteligência artificial devem ser instaladas nas entradas das escolas. Segundo o governo, “o Olho Vivo permite verificar, por exemplo, se alguém está armado nas proximidades das escolas ou se algum fugitivo da polícia está nos arredores do colégio. Assim, a patrulha é acionada imediatamente, prevenindo problemas para toda a comunidade escolar.” 

A primeira torre foi instalada em frente ao Colégio Estadual Cívico Militar Ermelino de Leão. Não há, no entanto, um cronograma de quantas outras torres serão instaladas ao longo do ano e em quais pontos.
 

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