Rafael Greca veta homenagem à guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho
O prefeito justificou que não é possível reconhecer ou comprovar serviços relevantes prestados pelo ideólogo à Curitiba, e que o projeto é inconstitucional.
O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), vetou o projeto de lei que concedia ao influenciador Olavo de Carvalho o título de “cidadão honorário”.
A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município desta segunda-feira (15) e divulgada inicialmente pelo jornal Plural.
O prefeito pondera que não é possível reconhecer ou comprovar serviços relevantes prestados pelo ideólogo ao município. Além disso, Greca entende que o projeto é inconstitucional, considerando que o homenageado morreu em 2022.
Na justificativa do veto, o prefeito de Curitiba explica que o vereador Eder Borges (PP), autor do projeto, apresentou um substitutivo ao texto original para conceder o título de cidadão honorário “in memorian”. Entretanto, o substitutivo foi rejeitado, tendo sido aprovado o projeto de lei com a redação original. Olavo de Carvalho morreu no dia 24 de janeiro de 2022. A causa do falecimento não foi confirmada oficialmente.
A filha dele afirma que o escritor morreu por complicações da Covid-19. Ele havia sido diagnosticado com a doença oito dias antes. Heloísa de Carvalho, no entanto, tinha relações rompidas com o pai. Olavo foi um dos mais influentes negacionistas do coronavírus, ao qual chegou a se referir como “historinha de terror”.
Guru do bolsonarismo e da extrema-direita
Em 74 anos de vida, Olavo de Carvalho era considerado um dos principais representantes do conservadorismo e da “Nova Direita” brasileira. Foi um dos gurus de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, mas rompeu com o ex-presidente após o primeiro ano de mandato. Em suas obras, foi acusado de promover discursos de ódio e anti-intelectuais. Defendeu teses racistas, antissemitas e preconceituosas, e também foi um divulgador de teorias conspiratórias.
Na Câmara Municipal de Curitiba, o projeto em homenagem a Olavo de Carvalho foi aprovado em dois turnos – no primeiro, com oito votos favoráveis; no segundo, com 14. Embora aprovado por apenas um terço dos vereadores (36%), o texto passou devido à alta abstenção.
Ao vetar a cidadania honorária, Rafael Greca também evocou a máxima de que “dos mortos só se fala bem”. Por isso, alega que não havia justificativa jurídica para aprovar a lei.
Com o veto do prefeito, a matéria retorna agora ao Legislativo para análise.
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