Comércio
Mulheres encontram no empreendedorismo caminho para superar as dificuldades
(Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mulheres encontram no empreendedorismo caminho para superar as dificuldades

Dados da Faciap mostram que 34% dos empreendimentos são liderados por mulheres

paranaportal - sexta-feira, 10 de novembro de 2023 - 18:47

O mercado de trabalho para mulheres tem evoluído ao longo dos anos, com mais oportunidades e maior valorização da igualdade de gênero. Com tanta competitividade, aliar o trabalho com a maternidade, por exemplo, tem sido um dos grandes desafios. Para isso, uma das saídas tem sido empreender.

“O empreendedorismo feminino ainda segue com dificuldades e ainda não vemos um cenário ideal. Em torno de 34% dos empreendimentos são liderados por mulheres. Temos algumas políticas públicas de apoio às mulheres, como acesso maior do crédito e sempre buscamos apoiar as pessoas que querem o próprio negócio”, diz o vice-presidente para Assuntos de Pequenas e Microempresas da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Mairus Gruber.

Diante deste cenário, o Paraná Portal foi atrás de histórias de mulheres de sucesso que escolheram o empreendedorismo para se destacar profissionalmente.

‘Fonte de renda para criar os filhos’

Abrir um comércio para ter uma fonte de renda para poder cuidar dos dois filhos. Esse tem sido um dos grandes desafios de mulheres que necessitam juntar a maternidade com a vida profissional. É o caso de Janaína Passos, que hoje, aos 40 anos, é dona de uma franquia de onigiri (bolinho de arroz japonês), em Curitiba.

O faturamento bruto inicial saiu de mil reais para R$ 50 mil. Mas a trajetória não foi fácil.

(arquivo pessoal)

“Nunca cogitei trabalhar com algo que não fosse meu negócio e quando cheguei em Curitiba me acovardei e fui trabalhar em outras empresas. Quando ganhei minha primeira filha comecei a pensar no empreendedorismo de novo e senti a necessidade de ter a minha própria loja. Abri num ponto super esquisito. Nesse meio termo eu já trabalhava com onigiri, já tinha conhecido o lanche e ele compunha minha renda extra”.

Janaína transformou a própria história em tese de mestrado para poder dar conta da rotina de mãe, dona de casa, empreendedora e doutoranda.

“No final das contas, depois de toda essa trajetória de empreender, conciliando com tudo, isso virou a minha atividade principal”.

‘Queremos conquistar muitas coisas’

“Nós precisamos nos atualizar sempre”. A afirmação é da nutricionista Magali Ruaro, de 34 anos, que resolveu abrir o próprio negócio após ter um filho. Há cinco anos, ela abrir um consultório para que pudesse ficar mais tempo com a criança.

(Arquivo pessoal)

“Precisamos realmente acompanhar as mudanças de mercado e se aperfeiçoar na área. Tenho que ter o conhecimento para resolver a questão do meu paciente, para trazer mais saúde, além de ter domínio da gestão da minha empresa. Sendo mãe é um grande desafio conciliar com a vida profissional. Queremos conquistar tantas coisas e dar conta de tudo. Nós nos cobramos muito por isso”, conclui.

Durante a pandemia, empreender foi a única escolha

Lucélia Aparecida da Costa, de Jaboti, no norte pioneiro do Paraná, morava em Curitiba quando precisou pensar no empreendedorismo como principal fonte de renda. Durante a pandemia, o esposo perdeu o emprego e os dois decidiram voltar para o interior do estado. Eles já tinham o sítio, onde cultivavam café e viajavam de 15 em 15 dias para cuidar da plantação. Mas, em 2020 começaram a se dedicar ao cultivo do morango, mesmo sem ter nenhuma experiência com a fruta.

“Começar a empreender foi algo em cima da necessidade. Desde 2009, tínhamos um sítio pequeno com plantação de café. Só que o café, o ciclo dele um ano ele produz, outro ano não. Daí a gente achou a necessidade gente ter uma renda fixa. Então, por esse motivo, no primeiro ano que a gente veio, a gente plantou o morango. Fomos atrás de cursos, para poder se qualificar e adquirir um conhecimento técnico que não tinha”, relembra.

(Arquivo pessoal)

Em apenas três anos, Lucélia conseguiu diversificar a gama de produtos oferecidos, além de ter conquistado o selo de Indicação Geográfica do Morango (IG) para a região, o que ajudou a inserir o produto no mercado a preços diferenciados e competitivos. Sucesso que Lucélia atribui aos estudos.

“Nós não sabíamos fazer nada. A gente buscou conhecimento técnico e fazer tudo de forma correta, os cursos, os cursos técnicos, as boas práticas, como fazer as aplicações do defensivo, enfim, a gente foi atrás de inúmeros cursos pra se preparar, e o que aconteceu? Como a gente não sabia fazer nada, a gente aplicou isso da forma correta. E daí isso fez com que a gente tivesse um diferencial. A gente não sabia nada, então a gente tem que buscar conhecimento para poder aplicar, né?”, finaliza a empreendedora.

Paraná é destaque nacional

O Paraná possui mais de 560 mil empresas comandadas por mulheres. Dessas, 83% são empreendedoras por conta própria e apenas 17% das empresas possuem colaboradores.

Ainda de acordo com o estudo feito pelo Sebrae com dados do IBGE, no último trimestre do ano passado, o Brasil tinha mais de 10 milhões de mulheres donas de negócios no país, o maior contingente da história. 

(arquivo pessoal)

“Hoje o Paraná se destaca bem. A cada dez empresas que são abertas, três são abertas por mulheres. O que posso dizer também para as mulheres que têm esse sonho, essa vontade de empreender, que se inspirem em mulheres que já empreendem, que sigam, acompanhem, porque é um trabalho recompensador. Nós vamos fazer acontecer. A gente tem muito ainda o que mostrar para o ‘mundão’ e um dia eu sonho muito que a gente consiga chegar lá”, diz a Fernanda Antunes, coordenadora do programa Empreendedorismo para Elas, da Faciap.

Outro dado relevante mostrado pela pesquisa mostra que 50% das mulheres empreendedoras no Paraná são “chefes do domicílio”, ou seja, cuidam da casa e dos filhos.

Reportagem: Francine Lopes e Lorena Pelanda

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