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Áreas nativas da Reserva Mata Atlântica serão restauradas
Reginaldo Ferreira/SPVS

Áreas nativas da Reserva Mata Atlântica serão restauradas

Parceria entre instituições quer plantar cinco mil mudas de 77 espécies nativas do bioma

Mirian Villa - quarta-feira, 6 de março de 2024 - 12:15

Nos próximos cinco anos, 50 hectares de áreas nativas da Grande Reserva Mata Atlântica, no Litoral do Paraná, devem ser restaurados. É o que a parceria entre a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental e a BAT Brasil pretende.

Com objetivo de restauração ecológica da Reserva Natural das Águas, que fica em Antonina e Guaraqueçaba, as instituições também vão plantar cerca de 5 mil mudas de 77 espécies nativas do bioma. Do total de 50 hectares que vão ser restaurados, 19 receberão a técnica de enriquecimento vegetal, que visa aumentar a biodiversidade e suprimir espécies indesejáveis.

Para o diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges, o diálogo, iniciado há anos entre BAT e SPVS, vem proporcionando avanços na incorporação de conceitos e práticas voltadas às prioridades regionais no campo da conservação da biodiversidade. “Este projeto representa um passo a mais em busca de articulações visando à promoção de novas iniciativas com o propósito de incorporar a provisão de serviços ecossistêmicos na gestão ambiental corporativa”.

Serão plantadas pouco mais de 200 mudas por hectare, ou seja, 4.187 plantas. Os brotos estão sendo produzidos desde janeiro de 2023, com sementes coletadas na reserva, garantindo as condições genéticas qualificadas das espécies produzidas.

Reginaldo Ferreira/SPVS

“Serão aproximadamente 11,3 km de linhas de plantios nas áreas de enriquecimento. Com um espaçamento de cerca de três metros entre cada muda, plantaremos um total de 209 mudas por hectare, o que representa 4.187 mudas plantadas na área total a ser enriquecida. Já no caso no plantio em área aberta, serão plantadas, aproximadamente, 896 mudas. No total, portanto, a expectativa é de 5.083 mudas plantadas nas áreas da Reserva das Águas destinadas a esse processo no período de cinco anos”, explica o coordenador das reservas da SPVS, Reginaldo Ferreira.

Nas áreas abertas, as principais espécies trabalhadas serão o Ingá Vermelho e a Capororoca. A escolha pelas duas espécies está no fato de que elas são pioneiras, ou seja, têm crescimento mais rápido que as demais e se adaptam com facilidade e agilidade às características das áreas das reservas.

Já nas áreas de enriquecimento vegetal, serão outras espécies: as “secundárias tardias” da Mata Atlântica, distribuídas entre as 4.187 mudas que vêm sendo produzidas. Para essas áreas, as mudas escolhidas são de espécies que se adaptam melhor à sombra e têm crescimento mais lento, levando em consideração que os ambientes enriquecidos já têm ambientes florestais consolidados.

Atualmente, o viveiro da SPVS tem capacidade para produzir entre 120 e 160 mil mudas por ano, atingindo uma diversidade de 75 espécies florestais diferentes das secundárias tardias. “Acrescido do Ingá Vermelho e da Capororoca, estamos trabalhando com 77 diferentes espécies neste projeto”, complementa a analista de processos ambientais e coordenadora de projetos na SPVS, Natasha Choinski.

Reginaldo Ferreira/SPVS

Um dos diferenciais da ação é a conservação das áreas naturais consolidadas que não são consideradas comunidade estável – último estágio alcançado ao longo da sucessão ecológica. A iniciativa quer conservar e ampliar processos ecológicos e motivar serviços ecossistêmicos – benefícios diretos e indiretos que a sociedade obtém da natureza.

O especialista em Meio Ambiente da BAT Brasil, Jaime Dias, reforça que, além de reflorestar a área, o projeto visa reestabelecer a biodiversidade e trazer de volta as particularidades do bioma. “Para nós, é um projeto muito importante, porque as reservas naturais têm sido campo de pesquisas, aulas teóricas e práticas para muitos estudantes em parcerias com universidades e institutos de pesquisa do Brasil e de outros países do mundo. Acreditamos muito na importância e na relevância dessas áreas para a conservação da natureza e para a sociedade”, detalha.

A Reserva Natural das Águas tem 3 mil hectares de áreas nativas de Mata Atlântica e é recuperada, protegida e conservada desde a década de 90. Juntas, as três Reservas mantidas pela SPVS somam mais de 19 mil hectares do bioma. Elas estão localizadas dentro do território da Grande Reserva Mata Atlântica, considerado o maior remanescente de Mata Atlântica do mundo, com três milhões de hectares de floresta nativa, localizado nos Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina.

*Com assessoria de imprensa.

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