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Violência em Curitiba desperta indignação de jornalistas que pedem respostas da polícia

Violência em Curitiba desperta indignação de jornalistas que pedem respostas da polícia

A violência campeia em Curitiba. Grupo de jornalistas, indignados, pede ação da polícia na região central da capital, onde os assaltos são mais frequentes.

Pedro Ribeiro - terça-feira, 14 de março de 2023 - 10:23

“É seguro morar em Curitiba?”.  A pergunta, estampada nas primeiras notas de buscas sobre violência urbana na capital paranaense na internet, vem seguida de uma afirmativa, onde sustenta que, sim, tratando-se de uma metrópole segura. Não é o que mostra, pelo menos nos dias atuais, onde a violência tem aumentado e há um clima de insegurança entre os cidadãos. Este conceito precisa ser revisto.

Ao conversar com a colega jornalista Magaléa Mazziotti, que foi vítima de um assalto nas proximidades do tradicional bairro do Batel, em Curitiba, percebi que ela ainda se encontra abalada e não esconde sua frustração e medo. “Eu sempre andei a pé e hoje penso duas vezes em sair de casa, principalmente à noite. Uma sensação de impotência e pânico”, relata.

Magaléia foi mais uma vítima das inúmeras gangues de malacos que rondam o centro de Curitiba e seu entorno. Se aproximaram dela, pelas costas, pediram dinheiro e o celular, com ameaças de arma de fogo. Ao negar a entrega o telefone móvel, foi brutalmente agredida.

A também colega jornalista Adélia Lopes nos conta que foi vítima de uma gangue de bicicleta, nas proximidades da rua Saldanha Marinho, no centro da cidade. Bem humorada, Adélia disse que não levaram seu celular por não gostarem do modelo, bem antigo.

Suzan Silva foi outra vítima da bandidagem – gangue da bike- que aterroriza os moradores e transeuntes da Avenida República Argentina, nos bairros do Portão e Água Verde. “Um jovem passou de bicicleta por mim e arrancou minha bolsa levando o celular, a carteira e cartão de crédito. Não consegui fazer outra coisa a não ser chorar no momento. Fiz BO e até hoje tenho problemas com meus cartões no banco, além de medo e insegurança”.

A cidade está perigosa em não foge ao que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo em termos de violência. “A população está desamparada, sem estrada para fugir, sem cancela para escapar do trem e sem polícia gabaritada”, pontua Adélia.  “Tenho medo de caminhar no início da noite no meu bairro”, disse a jornalista Martha Felders. 

Magaléa fez BO e informa que foi muito bem atendida por uma soldado do 12 BPM que lamentou não ter, no momento, nenhum policial e nenhuma viatura para atender ao ocorrido, ou seja, sair à procura dos bandidos que estão em mocós no centro da cidade e barbarizando. Ela disse que tem aumentado assustadoramente o número de ocorrências e denúncias de assaltos a pedestres.

A violência, principalmente contra mulheres em Curitiba, foi o assunto deste domingo, 12, no Grupo de Jornalistas da Folha de Londrina que conta com 87 integrantes. A mais abalada e com sensação de ter tido seu direito de ir e vir confiscado era Magaléia. 

“Nós, mulheres, somos as vítimas preferidas desses bandidos”. Magaléa, pelo que nos contou, está vivendo alta intensidade de estresse e, por isso, resolveu desabafar como um mecanismo de defesa. Pelo que percebemos em suas exposições, está difícil para nossa colega de profissão virar esta página. Suzan Silva também afirma que ainda está traumatizada com a cena de violência que sofreu.

Depois do ocorrido, a jornalista, que recebeu solidariedade dos colegas de profissão, disse que obteve informações de que a violência também campeia na região da antiga Rodoviária, no Guadalupe, e até mesmo dentro do banheiro do Shopping Estação, onde existe uma gangue de meninas que aterroriza o local, acobertadas por marginais que circulam pela praça da Câmara dos Vereadores.

A colega Maria Celeste, indignada com o que ocorreu, puxou o pelotão para que todos denunciem, através de seus veículos de comunicação, já que todos do grupo são jornalistas, como forma de pressão para que os órgãos de segurança pública deem uma resposta à sociedade. A cidade está sitiada e há um toque de recolher não oficial.

Não temos estatísticas, números, a não ser os que estão publicados nas páginas do Governo do Estado. Consultamos as assessorias de todos os órgãos de segurança pública – Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal – e até o fechamento da edição ninguém respondeu. Já era esperado, porque não há interesse ou se responsabilizar tendo que admitir que falta pessoal, equipamentos, viaturas e pessoal qualificado. Também temem represálias dos patrulheiros do Palácio Iguaçu.

Vamos continuar denunciando para que Curitiba tenha, efetivamente, o título de uma cidade desenvolvida, com oportunidades para todos e, principalmente, segura. Para se ter uma ideia, apenas alguns números:  Entre 2020 e 2021 foram registrados 465 casos de homicídio doloso na capital paranaense. Em 2021 ocorreram o total de 218 vítimas de homicídio doloso, com outubro (27 casos) e fevereiro (22 casos) os meses que mais tiveram denúncias desse tipo de agressão dolosa. 

Se procurar no Google sobre violência em Curitiba temos: os crimes cometidos entre janeiro e outubro de 2022 somam 43.548 furtos e 7.798 roubos. Os números representam um crescimento 29% de furtos em relação a janeiro e outubro de 2021, quando Curitiba teve 33.741 ocorrências deste tipo.

Não julgamos se o trabalho das Polícias Militar e Civil é eficiente ou não, mas fazemos apenas um relato do que está acontecendo na capital paranaense do ponto de vista das pessoas que foram vítimas desse tipo de violência. Como a opção do cidadão é acreditar neste trabalho preventivo, a esperança é a de que o Governo do Estado, através da Secretaria de Segurança Pública, amplie a força tarefa com vigilância maior nos pontos críticos aos quais recebemos as denúncias. 

Eles – os órgãos de segurança pública – sabem onde mora o perigo. 

Nota da PC: “A PCPR ressalta que trabalha constantemente no combate aos furtos e roubos. Como polícia judiciária, atua a partir do momento que um crime é registrado em boletim de ocorrência, conduzindo investigações que objetivam identificar e prender autores, além de buscar recuperar os bens subtraídos. Para melhor atender a população, a PCPR realizou recentemente a maior contratação de delegados da história, com 150 profissionais. Juntamente foram contratados 200 investigadores, 50 papiloscopistas e 25 escrivães que já estão devidamente formados e reforçam o efetivo da instituição”.

 

 

 

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