As joias das arábias e a régua que mede o crime

O jornalista Alceo Rizzi continua questionando os megas presentes árabes dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro que ainda não fez a devolução ao Palácio do Planalto, pois é acervo patrimonial da União, e sim, à uma agência da Caixa Econômica, em Brasília.

A polêmica das joias, presente dado por autoridades da Arábia Saudita ao ex-presidente, causou mais danos políticos a Bolsonaro que acaba de retornar ao Brasil depois de 90 dias em férias nos Estados Unidos. Em artigo ao Paraná Portal, Rizzi, que também é escritor, pontua:

 “A entrega do terceiro estojo de acessórios cravejados de diamantes feita pelo ex-presidente, via prepostos, à uma agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília, já bastaria como confissão pública de comportamento e índole de sujeito meliante em qualquer conceito que se tenha de decência e de probidade, comum apenas em ambiente do submundo e da sua compulsão ao crime. Uma afronta a qualquer presunção de inocência que se deva eventualmente atribuir a um sujeito cuja biografia se confunde com vasto prontuário, a considerar apenas o período em que tragicamente ocupou o cargo mais elevado da República. Mesmo sem considerar feitos de vida pretérita e previsível. Incompreensível que ainda se relute em admitir o inadmissível, não se reconheça tentativa rasa de rapinagem de acervo patrimonial da União, e que se condescenda com crime e criminosos, seja lá qual for o argumento de recurso. Quem assim procede, moralmente pode ser confundido como alguém que se mede pela mesma régua. Não há como evitar, ainda que a comparação seja eventualmente contestada”.