PM que matou a ex-mulher ficou afastado por problemas psiquiátricos
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, a Polícia Militar afirmou que desconhecia a Medida Protetiva da mulher contra o soldado.
O policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva, que matou a ex-mulher, Franciele Cordeiro e Silva, ontem, em Curitiba, ficou três meses afastado do trabalho, sem portar arma de fogo nas ruas, por questões psiquiátricas. A relação do casal foi conturbada por vários meses (veja um resumo no fim da matéria) até a tragédia justamente no dia em que o soldado retirou arma para voltar ao trabalho.
Após ter atirado oito vezes contra a ex-mulher, Dyegho se trancou dentro do carro com o corpo da vítima. Agentes da PM (Polícia Militar) chegaram ao local e tentaram negociar a rendição do homem, que acabou tirando a própria vida com um tiro.
De acordo com a corporação, todos os protocolos foram seguidos na ação e também no processo de liberação de Diegho.
“A necessidade desse período se justifica justamente para que seja identificado se a pessoa realmente tem condições de voltar para o serviço operacional com arma de fogo. Nesse período não foi identificado nada que realmente chamasse/destacasse atenção para a questão deste policial”, disse a capitã Carolina Zancan, integrante da câmara técnica da patrulha Maria da Penha da PM.
Contudo, a PM afirmou que desconhecia a Medida Protetiva aberta por Franciele. A vítima foi na Delegacia da Mulher no último domingo (11) e registrou um boletim de ocorrência.
“A PM não foi notificada de que havia medida protetiva contra esse cidadão. Ainda, no texto desta ordem judicial, não havia menção ligada a restrições para o uso de arma de fogo, mas sim, principalmente, a manutenção de distância e proximidade”, segundo a capitã.
“É a tragédia da situação. Enquanto ela fazia a denúncia na Corregedoria, ele estava no Quartel retirando a arma”, completou ela.
POLICIAL TENTOU FORÇAR ABORTO DA MULHER
Os dois já estavam juntos, e com desentendimentos, no segundo semestre de 2021. Em agosto, o policial militar aciona a corporação para retirar pertences da casa em que morava com a mulher.
No dia 16 de agosto daquele mês, Dhyego e Franciele discutiram no carro e o soldado fez manobras perigosas até que ela saltou do carro.
Em janeiro deste ano, ele foi afastado do trabalho funcional. Em março, Franciele disse ter engravidado do soldado e relatou à polícia que ele chegou a ajudar na montagem do quarto da criança. Contudo, apontou que Dhyego deu um remédio abortivo a ela, sem consentimento, durante uma relação sexual.
De acordo com os registros da Polícia Civil, a criança nasceu prematura no fim de março e morreu dias após o nascimento.
Em abril, Dhyego retornou ao ofício nas operações da rádio, no Centro de Operações Policiais Militares (Copom).
Em maio, duas discussões terminam com a presença da polícia. Dhyego registrou boletim de ocorrência e alegou que Franciele tentou ter o atropelado. Já no fim daquele mês, a PM foi acionada por uma briga devido à partilha de bens. Conforme registro, Franciele agrediu Dhyego.
Já na semana passada, Franciele relatou à Polícia Civil que Dyegho havia feito ameaças. Depois disso, o soldado foi visto em frente à residência dela, o que resultou em nova ligação para a PM.
No último domingo, Franciele registrou um boletim de ocorrência e pediu Medida Protetiva. Na segunda-feira, Dhyego passou pela reavaliação e demonstrou condições de portar arma.
Na terça (13), Dhyego recupera o armamento e atira contra a ex-mulher.