Palotina: Justiça obriga C.Vale a liberar funcionários para velório de colegas
Apesar da tragédia que chocou o país e matou oito trabalhadores, não houve paralisação das atividades na cooperativa.
A Justiça do Trabalho determinou que a cooperativa agrícola C. Vale libere do trabalho os funcionários que desejem comparecer ao velório e ao sepultamento dos colegas que morreram na explosão ocorrida na última quarta-feira (26) em Palotina, no Oeste do Paraná.
O pedido de tutela antecipada foi proposto pelo Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR), em caráter de urgência, e acolhido pela Justiça nesta sexta-feira (28).
Apesar da tragédia que chocou o país e matou oito trabalhadores, não houve paralisação das atividades em alguns setores do complexo da cooperativa. De acordo com a assessoria da C. Vale, os trabalhos seguem normalmente na planta, e pararam apenas nos silos onde ocorreram as explosões.
Conforme a decisão judicial, cada funcionário poderá ser liberado para participar dos velórios (coletivos ou individuais) pelo período mínimo de duas horas, bem como, de forma integral, do sepultamento das vítimas.
“Registro que, ao atender esta determinação, a cooperativa poderá manter o funcionamento mínimo da cadeia produtiva, visando evitar eventuais perdas de produtos, observando a devida segurança de seus funcionários, bem como a possibilidade de todos participarem dos eventos mencionados acima”, completa o juiz do Trabalho substituto Alexandre Augusto Campana Pinheiro, da Vara de Assis Chateaubriand.
Para o caso de descumprimento, a cooperativa deverá arcar com multa no valor de R$ 20 mil por funcionário impedido de participar do velório e do sepultamento.
Diante da comoção pela tragédia, diversos trabalhadores demonstraram o desejo de comparecer ao velório dos colegas. “No entanto, chegou ao conhecimento do MPT que a direção da empresa estava se recusando a liberar seus empregados para comparecerem às homenagens”, aponta o MPT-PR.
A situação foi determinante para que a procuradora-chefe do órgão no estado, Margaret Matos de Carvalho, e o procurador do Trabalho em Cascavel, Renato Dal Ross, buscassem a tutela judicial que pudesse assegurar o respeito aos direitos humanos – em especial, o direito ao luto dos trabalhadores.
No pedido de tutela, o MPT argumenta que o mínimo que a empresa deveria fazer seria permitir que os empregados comparecessem ao velório e sepultamento, para prestarem as últimas homenagens aos seus colegas de trabalho.
O MPT-PR informou ainda que já foi instaurado Inquérito Civil para investigação do acidente e apuração de responsabilidades.
Explosão na C.Vale matou oito trabalhadores e feriu onze
A explosão nas dependências da cooperativa C. Vale, em Palotina, causou a morte de oito trabalhadores, na tarde da última quarta-feira (26). Outros onze funcionários ficaram feridos – todos estão hospitalizados.
Entre os trabalhadores que perderam a vida na tragédia em Palotina, sete são imigrantes haitianos. O velório das vítimas acontece hoje, na cidade do oeste paranaense.
O Corpo de Bombeiros segue com as buscas pela última vítima, um trabalhador que permanece desaparecido nos escombros. Ele é haitiano e tem 55 anos.
A cooperativa agrícola C. Vale é uma das maiores do país, com forte atuação no Paraná e em outros estados.
Após a decisão judicial, a cooperativa informou, por meio de nota, que liberou os funcionários que quiserem participar dos velórios, e que a questão está sendo acompanhada pelo Ministério Público do Trabalho e o Poder Judiciário.
