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Mortes por síndrome respiratória grave crescem 513% no Paraná em 2020

Mortes por síndrome respiratória grave crescem 513% no Paraná em 2020

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem ampliado os casos e óbitos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no ..

Jorge de Sousa - sexta-feira, 29 de maio de 2020 - 23:10

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem ampliado os casos e óbitos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no Paraná.

Em 2019, eram registrados no dia 29 de maio 1.622 casos e 192 óbitos, enquanto neste ano os números são de 5.141 ocorrências e 1.177 mortes.

Dessa forma, o Paraná apresenta um crescimento de 513% nos óbitos e 216% nos casos totais.

Para o infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo, Marcelo Ducroquet, a pandemia do coronavírus está diretamente ligada com esse crescimento.

“São dois fatores. Uma parte desses casos são coronavírus, diagnosticados ou não. Além disso, pelo envolvimento geral, as pessoas ficam mais propensas a notificar as SRAG”, explicou Ducroquet.

SESA NEGA SUBNOTIFICAÇÃO DO CORONAVÍRUS PELAS SRAG

O grande crescimento do número de casos e óbitos pelas SRAG suscitam dúvidas sobre uma possível subnotificação nos casos de coronavírus no Paraná.

Mas a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) negou que haja relação entre os dois casos e que todas as amostras de SRAG colhidas foram testadas para o novo coronavírus e aparecem nos boletins diários da doença.

De acordo com a Secretaria o monitoramento dos casos de SRAG são feitos em hospitais com pacientes que tenham sintomas de febre acompanhado de tosse ou dor de garganta e também falta de ar.

Todos esses exames são encaminhados para a análise do Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná), também responsável pela verificação dos casos de coronavírus no estado.

Por fim, a Secretaria apontou que tem trabalhado para capacitar os profissionais de saúde e qualificar os sistema de informações para testar todos os casos e óbitos de SRAG no Paraná.

DIFICULDADE DE TESTAGEM É VISTA MUNDIALMENTE

Segundo Ducroquet a dificuldade em conseguir uma testagem em massa é uma unanimidade em todo mundo, com exceção de casos pontuais como a China.

Na visão do infectologista os casos de SRAG devem ser considerados como maior indicativo da doença, servindo para balizar as testagens.

“O ideal é o maior número de testes de biologia molecular (PC-R). Isso permite uma intervenção na contaminação, porque permite analisar a presença do coronavírus em alguém com SRAG e aí fazer o devido isolamento e testagem em seus parentes, amigos e qualquer pessoa que teve contato com ela”, pontuou Ducroquet.

Vale ressaltar que o PC-R permite a identificação da doença enquanto ela ainda está presente no corpo do paciente, enquanto os testes rápidos medem apenas os anticorpos, ou seja, quando a pessoa já está recuperada da Covid-19.

Ducroquet aponta o exemplo registrado em Wuhan, epicentro do coronavírus na China, como o principal caso de sucesso na testagem em massa de pessoas utilizando o método da biologia molecular.

“Em 12 dias foram testados quase 15 milhões de pessoas. Eu acredito que eles vão zerar os casos dessa forma. É preciso colocar que no Brasil essa situação seria mais difícil de ocorrer, até pela dificuldade de obrigar as pessoas a realizarem os testes e até mesmo abrirem suas casas para a análise”, avaliou o infectologista.

O QUE É A SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE?

Para que um paciente seja enquadrado como portador de uma síndrome respiratória aguda grave ele deve obrigatoriamente apresentar os seguintes sintomas:

  • Febre acompanhada de tosse e falta de ar, independente do vírus que a tenha contaminado.

Dessa forma nem todos os pacientes que sejam portadores do coronavírus vão desenvolver uma SRAG. Isso porque muitos casos da Covid-19 são assintomáticos ou com apenas sintomas leves como a tosse ou dor de garganta.

Dessa forma a SRAG pode ser considerada apenas a fração grave de doenças como o coronavírus, a influenza e outras doenças gripais.

Por isso, é importante o monitoramento desses casos para que novas síndromes gripais sejam descobertas o mais rápido possível.

“Foi o caso em Wuhan que motivou a pesquisa sobre o coronavírus, quando se percebeu um aumento de pessoas internadas com pneumonia e outras SRAG”, finalizou Ducroquet.

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