Guardas Municipais envolvidos na morte de adolescente são suspensos

Os três Guardas Municipais que participaram da abordagem do adolescente Caio José Lemes, de 17 anos, foram suspensos da corporação. Eles também tiveram o porte de armas suspenso. Caio morreu com um tiro na cabeça durante a ocorrência, no último sábado (25). Segundo uma testemunha, o disparo teria sido acidental, depois de o jovem já estar imobilizado no chão. As câmeras corporais anexadas às fardas dos Guardas não foram acionadas por eles e, por isso, não há registro da ocorrência.

FALHA NA OPERAÇÃO

Segundo o comandante da Guarda Municipal, Carlos Celso dos Santos Júnior, os GMs não cumpriram o protocolo de uso dos equipamentos. “Eles deveriam ter ligado (as câmeras). Essa é a determinação. Em qualquer situação de segurança pública, como eles foram abordados que existia uma possibilidade de uma ocorrência, imediatamente deveriam ter ligado a viatura, ligado a câmera, bem como ter acionado o nosso CCO (Centro de Controle Operacional) para fazer a comunicação da ocorrência. Caso eles não conseguissem ligar a câmera, remotamente o nosso CCO teria feito a ligação”, explica.

O caso é acompanhado pela corregedoria da corporação e pelo Ministério Público e é investigado pela Polícia Civil. Um dos pontos a serem esclarecidos é justamente o fato de os GMs não terem acionado as câmeras. O comandante destaca que os equipamentos precisam ser desligados eventualmente, para garantir a privacidade dos agentes. Mas que, a partir deste caso, o protocolo poderá ser revisto. “Ele tem o direito de fazer um almoço, de ir ao banheiro. Então, se nós usássemos essa câmera ligada diretamente, poderia ser uma dificuldade. Mas nós trabalhamos e podemos aprimorar essa questão do acionamento da gravação das imagens”. 

O comandante não entrou em detalhes sobre as investigações e lamentou a morte do jovem. “A função da Guarda Municipal, a função primordial é salvaguardar a vida, nosso maior patrimônio. E não vamos medir esforços para esclarecer os fatos o mais rápido possível”, disse. Segundo ele, a família do jovem morte não foi contatada. 

Veja também: 

• GM que matou adolescente pode ter feito disparo acidental, diz delegado
• Jovem morto a tiros pela GM não estava armado, diz advogado; polícia investiga

O CASO

A ocorrência foi registrada na tarde do último sábado (25). Caio estava com amigos na rua e correu quando a viatura da Guarda Municipal se aproximou. Os Guardas perseguiram o adolescente, com as armas em punho. No boletim de ocorrência, os guardas municipais envolvidos no episódio relataram que o adolescente portava uma faca com uma lâmina 25 cm de comprimento, escondida em um boné e os teria ameaçado. A informação é contrariada pela família do jovem.

Segundo o advogado que acompanha o caso, Eric Guedes, uma testamunha disse ter visto o jovem já imobilizado no chão quando sofreu o disparo. Ainda de acordo com a testemunha, o GM teria demonstrado que o tiro foi acidental, levando as mãos à cabeça.