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Dengue: sorotipo 3 é identificado no Paraná e preocupa especialistas
Arquivo/Fundação Oswaldo Cruz

Dengue: sorotipo 3 é identificado no Paraná e preocupa especialistas

A linhagem em circulação no Brasil pode ser capaz, no futuro, de causar epidemias graves por causa da baixa imunidade da população ao sorotipo 3

Angelo Sfair - quarta-feira, 10 de maio de 2023 - 19:05

Um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) publicado nesta quarta-feira (10) manifesta preocupação com a identificação do sorotipo 3 da dengue no Paraná e em Roraima. Este sorotipo não causa epidemias no Brasil há mais de 15 anos.

A dengue tem quatro sorotipos identificados. O que prevalence no Paraná, segundo a Secretria de Estado da Saúde (Sesa), é o tipo 1. Também há casos do tipo 2 em oito das 22 regionais de saúde do estado.

A única regional com registros do sorotipo 3 da dengue é a 2ª RS, que engloba Curitiba e região metropolitana. O ressurgimento da infecção após tantos anos liga um sinal de alerta para o desenvolvido da doença no Brasil.

“É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explica o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia.

Segundo o pesquisador, as análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe.

“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relata Naveca.

DENGUE SOROTIPO 3

Ao todo, o estudo da Fiocruz identifico quatro casos da dengue sorotipo 3 no Brasil. O caso no Paraná foi importado, diagnosticado em uma pessoa vinda do Suriname. Já os registros de Roraima são autóctones – ou seja, contraídos no próprio estado por pessoas sem histórico de viagens.

Segundo a Fiocruz, o vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.

O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.

*Com informações da Fundação Oswaldo Cruz

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