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Conheça o periódico que marcou a história do Paraná
Foto: Reprodução

Conheça o periódico que marcou a história do Paraná

As rotativas de “O Estado do Paraná” funcionaram por quase 60 anos

Larissa Biscaia - sexta-feira, 29 de março de 2024 - 09:00

Na madrugada do dia 06 de fevereiro de 2011, as rotativas do jornal O Estado do Paraná foram desligadas. Nas primeiras horas da manhã daquele domingo, a tiragem de vinte mil exemplares impressos chegava às bancas e às casas dos assinantes pela última vez.  Por quase 60 anos, o periódico foi um dos protagonistas da comunicação paranaense.

“Eu aprendi a andar naquele jornal. Meu pai foi a pessoa que por mais tempo dirigiu a redação. Eu vi e vivi muitas coisas. A gente passava mais tempo com os companheiros de redação do que com a nossa própria família. Sempre tive uma ligação muito forte com o meu pai, todos nós temos, mas a opção para seguir a carreira de jornalista também foi para ficar mais perto dele”, afirma Francisco José Zerbeto Assis, hoje chefe de gabinete da Prefeitura Municipal de Curitiba.

Durante mais de quarenta anos, o pai dele, Mussa José Assis, foi o chefe de reportagem do jornal. Antes de chegar ao O Estado do Paraná, Mussa foi secretário de redação do jornal Última Hora, considerado o maior do país na década de 1960. Depois de 1964, veio para Curitiba e precisou se restabelecer profissional e pessoalmente. 

“Meu pai viveu um período difícil. Na cadeira ao lado da dele, tinha um enviado do governo para controlar o que seria publicado, ele viveu tempos complicados em termos de liberdade de expressão”, relata o filho. 

Mussa José Assis faleceu em 2013, aos 69 anos de idade. O filho dele, Francisco, começou a frequentar a redação como visitante. Mais tarde, tornou-se estagiário e, depois de formado, jornalista do periódico. 

Quando a internet ainda não era sinônimo de velocidade, ele acompanhou os desafios de produzir uma edição estadual.  A cada manhã, a equipe recebia conteúdo de todas as regiões, com a ajuda das sucursais. 

“Não existia a internet como conhecemos hoje quando eu comecei a trabalhar no jornal no começo dos anos 2000. Não era essa coisa de momentos ou segundos. O material vinha das sucursais por fax e telex. Alguém tinha que atualizar, reescrever e depois publicar. Outra coisa essencial era um telefone fixo, ligar para os colegas e trocar uma ideia. Era o que a gente tinha como ferramenta principal. Mais tarde veio o material por e-mail, era ainda incipiente mas foi uma grande transformação. Hoje é inimaginável trabalhar em um veículo de comunicação sem usar internet ou WhatsApp”, relata.

Em onze anos de redação, Francisco cobriu duas copas do mundo e acompanhou de perto uma série de eleições municipais e estaduais. Para ele, a reputação do jornal estava na qualidade.

“Uma impressão bem cuidada, uma foto bem escolhida, um texto bem encaixado com imagem. A fama era de jornal mais bem impresso no Paraná, tanto em conteúdo quanto na parte gráfica. Nosso freio era a ética, o respeito à pessoa e às leis. 

“Chico”, como é conhecido, afirma que O Estado do Paraná foi uma grande escola de jornalistas. 

“O legado que O Estado do Paraná deixou foi de luta pela democracia, de seriedade, de cuidado na apuração e de respeito com o leitor e com a população do Paraná.  O que fica muito claro para mim é que era uma redação de formação de bons profissionais, como uma escola de jornalismo. Surgiram grandes nomes que foram para a imprensa nacional até, cito, por exemplo, o escritor Laurentino Gomes, que foi cria do Estado do Paraná”, conclui.

Poucos meses após a última edição impressa, a edição virtual de O Estado do Paraná foi encerrada, depois da venda da editora e dos títulos do Grupo Paulo Pimentel. 

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