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Caso Daniel: Família Brittes é condenada por morte do jogador
(Reprodução/Redes sociais)

Caso Daniel: Família Brittes é condenada por morte do jogador

Edison Brittes, assassino confesso do jogador em 2018, teve a pena mais pesada.

Larissa Biscaia - quarta-feira, 20 de março de 2024 - 19:06

O empresário Edison Brittes, a esposa Cristiana Brittes e a filha do casal, Allana Brittes, foram condenados hoje (20) pela morte do jogador Daniel Correa Freitas, que teve o órgão genital decepado ao ser assassinado brutalmente em novembro de 2018. Os outro quatro acusados – David Willian Vollero Silva, Eduardo Ribeiro da Silva, Ygor King e Evellyn Brisola Perusso – foram absolvidos.

Edison teve pena determinada de 42 anos de prisão. A família se recusou a estar presente durante a leitura da sentença feita pelo juiz Thiago Flores Carvalho durante o fim da tarde desta quarta-feira (20). J júri popular, que durou três dias, aconteceu no Fórum de São José dos Pinhais.

Allana Brittes vai sair do Fórum algemada e encaminhada para a Penitenciária Feminina de Piraquara. A condenação dela causou choro do marido David William, que acabou absolvido no processo.

Confira a pena de cada um dos acusados pela morte do jogador Daniel:

  • Edison Brittes: Pena de 42 anos, 5 meses e 25 dias em regime inicialmente fechado

Edison foi condenado por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e sem possibilitar defesa da vítima. Ele também foi acusado por ocultação de cadáver e coação do curso do processo, corrupção de menor e fraude processual.

  • Cristiana Brittes: Pena de seis meses de detenção

Esposa de Edson, ela foi condenada corrupção de menor, coação do curso de processo e fraude processual. Contudo, Cristiana Brittes foi absolvida do crime de homicídio.

  • Allana Brittes: condenada em todas as acusações. Pena de 6 anos, 5 meses e 6 dias de prisão (regime fechado);

Filha do casal, Allana foi condenada por fraude processual, coação do curso do processo e corrupção de menor.

  • David Willian Vollero Silva: Absolvido.

David é marido de Allana e foi inocentado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, sem possibilitar defesa da vítima e meio cruel), além do crime de ocultação de cadáver.

  • Eduardo Ribeiro da Silva: Absolvido.

Eduardo foi inocentado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, sem possibilitar defesa da vítima e meio cruel), além do crime de ocultação de cadáver.

  • Ygor King: Absolvido.

Ygor foi inocentado pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, sem possibilitar defesa da vítima e meio cruel), além do crime de ocultação de cadáver.

  • Evellyn Brisola Perusso: Absolvida.

Ela havia sido acusada de fraude processual.

COMO FOI O JULGAMENTO DA FAMÍLIA BRITTES, CONDENADA PELA MORTE DO JOGADOR DANIEL

O julgamento, que aconteceu no Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, começou na última segunda-feira (18). No primeiro dia, Cristiana e Edison Brittes foram dois dos onze ouvidos. A sessão foi suspensa pelo juiz Thiago Flores Carvalho por volta das 22h40. 

Já na terça-feira (19), foi a vez de Ygor King, David Willian Vollero e Eduardo Henrique Ribeiro da Silva serem ouvidos.  Os três  estavam na residência no dia do crime e chegaram a ser presos durante a investigação do caso. Em novembro de 2018, os três rapazes foram liberados da prisão, porém, Eduardo da Silva se envolveu em outro crime e permanece detido. 

O depoimento de Eduardo foi o mais curto e durou pouco mais de trinta minutos. Ao contrário de Ygor e David, Eduardo relatou que ouviu gritos do atleta no momento em que ele era assassinado, na estrada rural da Colônia Mergulhão, onde o corpo foi encontrado. Os outros dois réus não detalharam o momento da morte.  

Depois disso, acusação e defesa tiveram, cada uma, duas horas e meia para o debate, que envolve fazer discursos e pontuar os argumentos. O julgamento foi interrompido no início da noite. 

Na manhã desta quarta-feira (20), o Ministério Público abriu o julgamento com a réplica.  O juiz Thiago Flores precisou intervir após uma discussão entre a defesa dos acusados e a promotoria. Os advogados se sentiram ofendidos pelas falas do promotor e iniciaram uma discussão. Então, o magistrado determinou que a réplica não poderia ser interrompida. Anteriormente, as partes entraram em acordo para que a duração da réplica e da tréplica fosse reduzida de duas horas e meia para uma hora.

Na sequência, a mãe do jogador Daniel, Eliana Aparecida Correia, deixou o fórum de São José dos Pinhais. A promotoria apresentou uma série de imagens feitas pela polícia na época em que o corpo da vítima foi encontrado na zona rural do município. Emocionada, ela pediu para não falar com a imprensa. Eliana tinha o voo de volta marcado para uma hora da tarde.

A vinte minutos de acabar a tréplica, uma nova discussão entre acusação e defesa. Desta vez, a plateia chegou a aplaudir a fala da acusação, o que levou, novamente, para uma intervenção do juiz Thiago Flores. Ele destacou que o local não era um ambiente esportivo.  

Após a tréplica, os jurados tiveram que responder a 140 questões de sim ou não, que levaram à sentença. 

RELEMBRE O CASO DA MORTE DO JOGADOR DANIEL

Em 27 de outubro de 2018, o corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado na zona rural de São José dos Pinhais. Ele tinha ferimentos graves no pescoço e estava com o órgão genial decepado.

  • O assassinato aconteceu após a festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes, filha de Edison. Na noite do dia 26 de outubro, a jovem estava com a família, os amigos e Daniel em uma casa noturna em Curitiba. A comemoração continuou na casa de Brittes, em São José dos Pinhais. Segundo as investigações, o jogador foi flagrado deitado na cama de Cristiana, esposa de Edison. Antes do crime, Daniel enviou para um amigo uma foto em que aparecia deitado ao lado de Cristiana enquanto ela dormia. 

No inquérito, que foi finalizado com 21 depoimentos e 370 páginas, a Polícia Civil concluiu que não houve tentativa de estupro. A perícia feita no celular de Cristiana foi parcialmente prejudicada porque os aplicativos de mensagens e de redes sociais foram apagados antes da entrega do aparelho. 

A única informação referente ao jogador está em dois prints de conversas de Allana, que foram feitos em agosto de 2017, mais de um ano antes do caso. Em uma das imagens, Allana conversa com Daniel, que a convida para sair e se conhecerem. Em outro print, a menina pergunta ao pai se poderia sair com Daniel e Brittes nega o pedido.

Os laudos do Instituto-Médico Legal e da Polícia Científica apontaram que Daniel foi morto pelas facadas que recebeu no pescoço. Os sete suspeitos foram indiciados por diferentes crimes e as penas somadas ultrapassam 40 anos de reclusão. 

Daniel Corrêa Freitas jogou no Coritiba, em 2017. Quando morreu, ele estava emprestado pelo São Paulo ao São Bento, que disputava a Série B do Campeonato Brasileiro. 

O caso virou um episódio na série “11 Tiros”, do HBO Max. O documentário retrata situações que envolvem o futebol e a violência. O capítulo é o 11º e reúne depoimentos do promotor João Milton Salles, do assistente de acusação Nilton Ribeiro e de uma das acusadas de participação no crime, Evellyn Brisola Perusso.

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