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Caos nos aeroportos do Reino Unido deve durar até o fim da semana

Caos nos aeroportos do Reino Unido deve durar até o fim da semana

Passageiros relatam que não receberam nenhuma explicação, tendo planos de viagem destruídos diante de balcões de check-in fechados

Lorena Nogaroli, especial para o Paraná Portal - terça-feira, 29 de agosto de 2023 - 18:45

Londres, 29 de agosto de 2023 – Quem está de viagem marcada para o Reino Unido esta semana deve ficar atento aos comunicados das companhias aéreas. Um problema técnico provocou o cancelamento de mais de 1,5 mil voos, afetando mais de 250 mil viajantes na segunda-feira (28), último feriado antes do Natal na Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales e um dos dias de maior movimento de entrada de passageiros nesses países. Os aeroportos continuam um caos nesta terça-feira (29) e a previsão de normalização dos voos de e para o Reino Unido é de aproximadamente uma semana.

Autoridades descartam ataque cibernético

De acordo com o Serviço Nacional de Tráfego Aéreo do Reino Unido (NATS), um problema técnico afetou a capacidade de processar automaticamente os planos de voo, exigindo que as informações fossem inseridas manualmente, retardando o processo. Por volta das 15h de segunda-feira, quatro horas depois do início do problema, o NATS divulgou que a questão havia sido resolvida, mas ressaltou que o tráfego aéreo continuava comprometido.

O governo britânico tem uma participação de 49% no NATS, que é uma parceria público-privada. Segundo o secretário dos Transportes, Mark Harper, uma falha técnica dessa escala não acontecia “há quase uma década”. Um comunicado oficial afirmou que “uma investigação minuciosa está em andamento para compreender a causa raiz do que aconteceu – embora não haja evidências de que tenha sido um incidente cibernético –, e estamos empenhados em aprender quaisquer lições para minimizar a chance de um incidente semelhante acontecer novamente”.

Por sua vez, o porta-voz oficial do primeiro-ministro Rishi Sunak afirmou que a CAA (Autoridade de Aviação Civil) vai investigar as causas e que especialistas confirmaram que se tratava de “um problema técnico, não um incidente de segurança cibernética”.

Viajantes ficaram no limbo

Passageiros relatam que não receberam nenhuma explicação, tendo planos de viagem destruídos diante de balcões de check-in fechados, enquanto as companhias aéreas não conseguiam confirmar se os voos partiriam.

A gerente de marketing digital brasileira Mariana Nunes tinha viagem agendada de Mallorca, na Espanha, para Manchester, no Reino Unido, na segunda-feira, via Rayanair. Ela não chegou a ir para o aeroporto, pois o cancelamento do voo foi comunicado via aplicativo da companhia. Ela pegou um ferry boat de Mallorca para Barcelona, uma viagem de oito horas, pois a orientação que recebeu era para sair da ilha, pois seria mais fácil conseguir voos do continente. Ela conseguiu um voo de Barcelona para Manchester na sexta-feira à noite. Segundo ela, a Rayanair ofereceu reembolso ou remarcação gratuita em qualquer outro voo. “Agora o x da questão é se conseguirei voltar ou não”, desabafou a brasileira, que ainda não sabe se os gastos com a hospedagem desses dias serão ressarcidos.

Já o professor paranaense José Ivair Motta saiu nesta terça-feira de Curitiba com a esposa para embarcar na quarta-feira, em Guarulhos, São Paulo, via Latam, com destino ao aeroporto de Heathrow, em Londres. O casal não sabe se conseguirá chegar à capital inglesa. “Estou acompanhando as notícias, mas até agora, a Latam não enviou nenhum comunicado sobre o meu voo”, relata Motta.

Caos nos aeroportos deve durar até o fim da semana

Segundo especialistas, a falha extraordinariamente longa provavelmente causará interrupções por vários dias, com atrasos indiretos da tripulação e dos aviões deixados fora de posição.

A British Airways comunicou que os passageiros que viajariam na segunda ou terça-feira poderiam transferir seus voos gratuitamente, enquanto Heathrow pediu aos passageiros que se dirijam ao aeroporto apenas em casos de confirmação dos voos. Em Gatwick, onde cerca de 150 voos foram cancelados, a EasyJet cancelou praticamente todas as partidas internacionais na tarde de segunda-feira.

Uma análise de dados feita pela agência de notícias PA mostra que ao menos 281 voos – incluindo partidas e chegadas – foram cancelados na terça-feira nos seis aeroportos mais movimentados do Reino Unido. De acordo com o levantamento, são 75 voos em Gatwick, 74 em Heathrow, 63 em Manchester, 28 em Stansted, 23 em Luton e 18 em Edimburgo. Além disso, muitos outros voos sofreram atrasos significativos.

“É inadmissível”, diz CEO da Ryanair

Do aeroporto de Dublin, o CEO da Ryanair, Michael O’Leary, declarou nesta terça-feira no Twitter que não é aceitável que a NATS permita que seus sistemas sejam simplesmente desativados. “Entramos em contato com a NATS e ainda não recebemos uma explicação deles, o que exatamente causou esta falha ontem e onde estavam seus sistemas de backup”, afirmou. “Não é aceitável que a NATS do Reino Unido simplesmente permita que seus sistemas de computador sejam desativados e que os voos de todos sejam cancelados e atrasados”, acrescentou. Ele ofereceu “sinceras desculpas” a todos os passageiros afetados pela interrupção e disse que a Ryanair realizaria alguns voos de resgate nesta terça. De qualquer forma, cerca de 70 voos da Ryanair estão sendo cancelados, com 3,2 mil planeados para prosseguirem com “atrasos mínimos”. Na segunda-feira, a empresa cancelou cerca de 250 voos, com 40 mil passageiros impactados pelo problema.

Saiba o que fazer se você foi afetado

De acordo com o jornal britânico The Telegraph, quem teve os planos de viagem interrompidos por esse problema deve agir o quanto antes para ter maiores chances de mitigar as consequências. O jornal publicou aqui um manual do que fazer nesses casos e como conseguir um reembolso. Resumidamente, o passo a passo inclui procurar alternativas de voo o mais rápido possível; checar se o seu seguro-viagem cobre esse tipo de incidente; pesquisar hotéis, aluguéis de carro, transfers e outras possibilidades; contatar o operador de viagem ou a companhia aérea para pedir reembolso; estender o período do estacionamento do seu carro no aeroporto e avisar o seu empregador, caso esteja voltando de férias ou feriado.

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