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Após saudação nazista de professora, colégio é convidado para Museu do Holocausto

Após saudação nazista de professora, colégio é convidado para Museu do Holocausto

Colégio Sagrada Família de Ponta Grossa decidiu demitir a professora filmada em sala de aula fazendo um gesto semelhante a saudação nazista

Narley Resende - terça-feira, 11 de outubro de 2022 - 19:04

A Federação Israelita do Paraná deve formalizar um convite ao Colégio Sagrada Família, de Ponta Grossa, para que alunos e professores participem de uma visita guiada ao Museu do Holocausto de Curitiba

Uma professora da instituição foi filmada em sala de aula, na sexta-feira (7), fazendo um gesto semelhante a uma saudação nazista. Diante da repercussão do caso, ontem (segunda, 10), o colégio decidiu demitir a educadora. O Ministério Público do Paraná recebeu diversos pedidos de providência e investiga o caso por meio das promotorias Criminal e da Educação. As informações são da BandNews FM.

O vice-presidente da Federação Israelita do Paraná, Isac Baril, afirma que o museu tem como missão não somente ser um “guardião da memória”, mas ser um instrumento de educação contra toda forma de discriminação e intolerância:

“Federação Israelita do Paraná e Museu do Holocausto, oportunamente, entraram em contato com a direção do Paraná para convidar a escola docente e discente para visitar o museu para saber o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. É fazer uma educação e mostrar que aSegunda Guerra Mundial levou ao extermínio de milhões de pessoas”, declarou Bail.

O coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss, reforça que cabe à polícia e ao Ministério Público chegar a uma conclusão sobre o caso. No entanto, ele considera insuficiente a postura do colégio diante da repercussão:

“O que nos deixou mais aterrorizado foi a resposta da direção do colégio. A direção afirmou à imprensa ter tomado medidas internas, nomeou o gesto da professora de imprudência. A diretora falou que sempre procurou ficar neutro. Neste caso não tem como ficar neutro. O crime de apologia ao nazismo ou você compactua ou você repudia”, afirmou Reiss.

Em mais de uma década de história, o Museu do Holocausto já contribuiu em outros episódios envolvendo falas ou atitudes problemáticas de professores, educadores ou influenciadores.

Para Carlos Reiss, é um desafio lidar com a apologia ao nazismo quando ela acontece dentro de sala de aula, de forma intencional, ou não: “Propósito da transmissão dos legados que a gente cria a partir desta tragédia é educativo. Os danos são maiores quando acontece na sala de aula, ainda mais o ambiente turbulento que a gente vive. Nunca se falou tanto de nazismo e holocausto quanto nos últimos anos e nunca foi tão importante falar do holocausto e nazismo pelo que a gente tem visto nos últimos anos” , comentou.

O coordenador-geral do museu reforça a necessidade de entender o passado para não cometer os mesmos erros no futuro: “Nazismo é uma ideologia política de extrema-direita que se alimentou do ressentimento popular e usou da retórica populista, anticomunismo e desprezo absoluto pela democracia, além de ideias de superioridade racial e cometer um dos maiores genocídios da história da humanidade Essa é a razão da existências que pune esse tipo de ideologia”, explicou.

A apologia ao nazismo – bem como fabricar, vender, distribuir ou veicular símbolos ligados à ideologia – é crime previsto em lei. Na avaliação do advogado especialista em Direito Penal, Frederico Brusamolin, com base nos vídeos que circulam na internet, é possível classificar o ato da professora como um gesto criminoso:

“No Brasil, gestos como esse podem ser considerações incitação ao ódio, que vem tipificado no artigo 20 da lei antirracismo. Nessa mesma lei, aquele que praticar, induzir ou incitar a discriminação poderá ser punido com até três anos de multa”, afirmou o advogado.

PROFESSORA FOI DEMITIDA APÓS GESTO NAZISTA EM COLÉGIO DE PONTA GROSSA

O Colégio Sagrada Família, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, decidiu demitir a professora envolvida no caso. A instituição não retornou os contatos da reportagem por telefone e endereço eletrônico. Por meio de nota, o colégio repudiou a atitude e reforçou o compromisso com valores éticos e de respeito à comunidade.

Pela internet, pais, mães e responsáveis denunciaram outros episódios nos quais a profissional também teria feito propaganda política-partidária nas dependências da escola.

A defesa da professora alegou que o gesto filmado na última sexta-feira (7) não se tratava de uma saudação nazista, e sim de respeito à bandeira.

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