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Acusado de matar tesoureiro do PT vai a júri em dezembro
Foto: Reprodução/Redes sociais

Acusado de matar tesoureiro do PT vai a júri em dezembro

O crime ocorreu em Foz do Iguaçu em julho do ano passado, durante a festa de aniversário do petista, e teve ampla repercussão nacional.

Rafael Nascimento - quarta-feira, 16 de agosto de 2023 - 07:54

O bolsonarista Jorge Guaranho, acusado de assassinar a tiros o ex-tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, vai a júri popular no dia 7 de dezembro. O crime ocorreu em Foz do Iguaçu, no Oeste paranaense, em julho do ano passado, durante a festa de aniversário do petista, e teve ampla repercussão nacional.

A decoração do evento homenageava o Partido dos Trabalhadores e o líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, à época candidato à Presidência da República.

A data do julgamento foi determinada pelo juiz Hugo Michelini Júnior, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, nesta terça-feira (15), pouco mais de um ano após o assassinato.

No despacho, o magistrado também estabeleceu que o sorteio dos jurados deverá ocorrer no dia 20 de novembro, em ambiente virtual. Dessa seleção sairão os sete jurados que formarão o Conselho de Sentença.

A família de Marcelo Arruda tem a expectativa de que no júri popular, agora com data marcada, a responsabilidade pelo assassinato seja demonstrada. 

“A família recebe (a marcação do júri popular) com a expectativa de que se faça justiça. O processo está transcorrendo com celeridade, os ritos e formas processuais estão sendo observados e o que se espera agora é que no início do júri, em 7 de dezembro, nós consigamos demonstrar a responsabilidade do acusado no crime”, afirma o advogado Daniel Filho à BandNews Curitiba.

O policial penal Jorge Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil – discussão motivada por divergências políticas – e perigo comum, pelo fato de o acusado ter atirado contra a vítima em local com outras pessoas, colocando-as em risco, conforme a denúncia do Ministério Público do Paraná (MPPR).

O bolsonarista está preso preventivamente no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde agosto do ano passado. Em abril, a defesa de Jorge Guaranho desistiu do recurso que havia protocolado no Tribunal de Justiça do Paraná, medida que abriu caminho a definição da Justiça pelo júri popular.

“A defesa entende que é importante que ele seja julgado logo pelo Tribunal do Júri, para que possa provar sua inocência e reparar essa injustiça com a sua prisão”, aponta o advogado de Jorge Guaranho, Cleverson Ortega.

Marcelo Arruda tinha 50 anos e deixou quatro filhos, entre eles um recém-nascido. Além de ex-tesoureiro do PT, ele também atuava como guarda municipal em Foz do Iguaçu.

Relembre a morte do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu

O guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Aloizio Arruda, foi assassinado com dois tiros de arma de fogo, em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, durante sua festa de aniversário de 50 anos. O crime ocorreu no dia 9 de julho de 2022.

A decoração do evento homenageava o Partido dos Trabalhadores e o líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, à época candidato à Presidência da República.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O salão de festas da ARESF (Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu) estava decorado com balões vermelhos e imagens de Lula.

Cerca de 40 pessoas estavam no local. Segundo o boletim de ocorrência registrado na 6.ª Subdivisão Policial de Foz do Iguaçu, durante a festa, o bolsonarista Jorge Guaranho – que era desconhecido por todos e não estava convidado – chegou ao local armado, acompanhado de uma mulher e uma criança de colo, dizendo aos gritos: “Aqui é Bolsonaro!“.

Aproximadamente 20 minutos depois, o agente penitenciário retornou ao local, desta vez sozinho, com a arma de fogo em mãos. A esposa do aniversariante, que é policial civil, se identificou mostrando o distintivo. O aniversariante também sacou uma arma para que o agressor recuasse.

Conforme narra o boletim de ocorrência, ignorando os avisos, Jorge Guaranho abriu fogo e efetuou vários disparos. Pelo menos dois acertaram Marcelo, que revidou a agressão e atirou contra o bolsonarista três vezes.

O guarda municipal e tesoureiro do PT chegou a ser socorrido, mas morreu logo depois.

Defesa de Marcelo Arruda sustenta que houve motivação política no crime

Segundo o inquérito policial, o bolsonarista Jorge Guaranho foi até o local onde ocorria a festa “para provocar” a vítima. Dentro do carro dele, era tocada uma música de apoio à Jair Bolsonaro (PL). 

A conclusão da polícia é de que não houve motivação política para a prática do crime. O indiciamento foi por motivo torpe e perigo comum. No entanto, a denúncia apresentada pelo Ministério Público aponta a divergência política como motivação.

Para a defesa da família de Marcelo Arruda, a motivação política do crime ficou evidenciada.

“A posição da Polícia Civil é que foi um ‘ponto fora da curva’. Entendemos que houve um comprometimento na época das forças policiais superiores em relação ao resultado do processo e denunciamos isso publicamente. O papel da imprensa, do ponto de vista nacional e internacional, no sentido de denunciar o que se pretendia fazer com a exclusão da qualificadora de homicídio por motivo fútil ficou bastante evidenciado, e essa atuação firma da defesa da família e da própria sociedade permitiram que a verdade viesse a tona. Esperamos que não haja nenhuma surpresa no júri e que ele também seja condenado pela motivação política, por que ela ficou bastante evidenciada”, completou o advogado Daniel Filho.

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