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Só Deus me tira da cadeira presidencial, diz Bolsonaro em live, após decisão do STF sobre Lula

Só Deus me tira da cadeira presidencial, diz Bolsonaro em live, após decisão do STF sobre Lula

Logo após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido pela anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula ..

Daniel Carvalho - Folhapress - quinta-feira, 15 de abril de 2021 - 21:58

Logo após o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido pela anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou sua live semanal para fazer comparações entre seu governo e o do petista. Durante a transmissão, Bolsonaro voltou a dizer que “só Deus me tira da cadeira presidencial”.

“E me tira, obviamente, tirando a minha vida. Fora isso, o que nós estamos vendo acontecer no Brasil não vai se concretizar, mas não vai mesmo. Não vai mesmo, tá ok?”, indagou o presidente logo no início da live.

“Se o Lula voltar pelo voto direto, pelo voto auditável, tudo bem. Agora, veja qual vai ser o futuro do Brasil com o tipo de gente que ele vai trazer para dentro da Presidência”, completou Bolsonaro.

O presidente ressaltou que o país não quebrou “no último ano” e que não quer se intitular “faxineiro do Brasil”, mas alguém que vai resolver os problemas do país.

“Querem criticar meu governo, fiquem à vontade, mas puxem um pouquinho pela memória para ver como era no passado”, disse.

Em uma crítica ao petista, Bolsonaro, que trabalha na escolha de seu segundo ministro para o STF (Supremo Tribunal Federal), lembrou que quem for eleito em 2022 será responsável pela escolha de mais dois nomes para a corte.

“Se o Lula for eleito, em março de 2023, ele vai escolher mais dois ministros para o Supremo Tribunal Federal”, ameaçou.

A decisão do STF de anular as condenações de Lula já era esperada por Bolsonaro. No início de março, quando o ministro Edson Fachin tornou o petista elegível, o presidente foi informado por assessores jurídicos que a decisão tinha respaldo da maioria dos integrantes da corte e que ela deveria ser confirmada pelo plenário.

A aposta no Palácio do Planalto é a de que, com uma possível candidatura de Lula em 2022, haverá novamente uma eleição polarizada entre a esquerda e a direita, sem espaço para o crescimento de nomes de centro.

A avaliação é a de que a polarização permite ao presidente disputar em um cenário no qual ele tem mais familiaridade: que é por meio da adoção de um discurso radical de defesa da pauta de costumes e de crítica a bandeiras progressistas.

Para assessores palacianos, em uma campanha contra um candidato de centro, o presidente precisaria moderar seu discurso político para ter mais chances de avançar sobre eleitores que o apoiaram na última eleição, como os liberais e os lavajatistas.

Para deputados governistas, no entanto, uma polarização significa um cenário mais difícil ao presidente em um segundo turno. Eles lembram que uma coisa é enfrentar um candidato como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e outra é ser adversário de Lula, que conta com “recall eleitoral”.

Nesta quinta-feira (15), ainda durante o julgamento, auxiliares do presidente ressaltavam que, a partir de agora, Bolsonaro intensificará em sua retórica o embate com o PT, focando, sobretudo, na crítica a escândalos de corrupção.

A ideia defendida por aliados do governo é de que Bolsonaro ressalte que o retorno de Lula significa a volta da impunidade e saliente que a atual gestão não está envolvida em denúncias de irregularidades, apesar das acusações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A aposta é de que o discurso anticorrupção, adotado na disputa eleitoral de 2018, ainda encontra apoio junto a um eleitorado de centro, que, mesmo insatisfeito com Bolsona​ro, poderia votar no presidente devido a uma rejeição aos governos petistas.

O entorno do presidente, no entanto, lembra que um apoio por meio de uma retórica anticorrupção pode ser anulado diante de desempenho ruim da atual gestão no combate à pandemia da covid-19.

A avaliação geral é a de que a CPI da Covid, que deve ser instalada na próxima semana pelo Senado, pode derrubar ainda mais a popularidade do presidente e afetar seu potencial eleitoral para 2022.

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