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Renato Freitas retoma mandato na Câmara em sessão com troca de acusações

Renato Freitas retoma mandato na Câmara em sessão com troca de acusações

Vereador foi o primeiro a falar no plenário nesta segunda-feira (10) e disse que viveu uma “batalha contra o racismo, contra a hipocrisia e contra a maldade”

Redação - segunda-feira, 10 de outubro de 2022 - 17:29

O vereador Renato Freitas (PT) retornou ao plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) nesta segunda-feira (10), após conseguir uma liminar que suspendeu a cassação do mandato. Além de recuperar as prerrogativas regimentais, Freitas foi eleito deputado estadual a partir de 2023 com mais de 57 mil votos.

No último dia 23 de setembro, o ministro Luis Roberto Barroso reestabeleceu o mandato como vereador de Curitiba e avaliou que que não há como dissociar a cassação do mandato “do racismo estrutural da sociedade brasileira”.

No entanto, a CMC apresentou um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para rever a suspensão da cassação do político. O caso é analisado pelo próprio relator. Se Barroso não revogar, o assunto vai para a Primeira Turma do STF, presidida pela ministra Carmem Lúcia e que ainda conta, além de Barroso, com Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Luiz Fux.

RENATO FREITAS DIZ QUE VIVEU “BATALHA CONTRA O RACISMO”; VEREADORES REBATEM

Renato Freitas foi o primeiro a falar no plenário nesta segunda-feira (10) e disse que viveu uma “batalha contra o racismo, contra a hipocrisia e contra a maldade”. ”Quero agradecer aos vereadores que tentaram me cassar, afundados em sua própria cobiça, cegueira e ódio. [Eles] tornaram possível e pública uma questão importante, [sobre] qual o papel da igreja na luta contra o racismo, das Casas Legislativas contra o racismo, da sociedade curitibana contra o racismo”, declarou.

“Aquele que não ama o seu próximo é sete vezes maldito, enquanto aquele que faz do seu próximo um inimigo é 70 vezes maldito. Os homens de ódio só conseguem amar a si próprios, os homens de orgulho não suportam os seus iguais, os homens de cobiça querem ouro e títulos, os homens de rapina espreitam os fracos para despojá-los, não para lhes assegurar a saúde”, acrescentou.

O discurso foi rebatido por três vereadores: Osias Moraes (Republicanos), Mauro Ignácio (União) e Ezequias Barros (PMB). Os três negaram que a cassação de Renato Freitas foi por racismo. “O que tem que ficar claro é que ele não foi cassado por ser negro, ele foi cassado por que é um experimento da esquerda para quebrar os limites da sociedade. Não somos cegos nem burros. Quem vê os vídeos vê que o vereador Renato Freitas invade a igreja, que o padre para a missa cinco vezes”, contestou Moraes. “Você ataca o cristão, ataca a nossa fé, é contra quem prega o evangelho, e se é essa guerra que você quer aqui dentro, nós não ficaremos mais calados contra as suas falácias”, afirmou Moraes.

Ignácio ainda criticou a decisão do STF de reestabelecer o mandato do vereador do PT e reclamou da rapidez da avaliação. “Será que vamos ter que queimar o Regimento Interno?”, falou. ”Será que o recurso da CMC vai ser julgado com a mesma velocidade?”, questionou.

O CASO

Renato Freitas foi cassado pela primeira vez em junho deste ano por quebra de decoro parlamentar por ter participado, no dia 5 de fevereiro, de uma manifestação antirracista que terminou dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba.

O processo aberto contra o petista o responsabilizava por perturbação de culto religioso e manifestação política dentro do templo. O vereador disse que não liderava o protesto, e que a ocupação da igreja ocorreu de forma ordeira, sem interromper a missa, que já havia acabado.

Em 05 de julho, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) suspendeu a sessão que cassou o vereador. Porém, um mês de agosto, Renato Freitas perdeu o mandato mais uma vez com 23 votos favoráveis a cassação.

Freitas correu risco de ficar de fora das eleições por conta da cassação, mas recuperou o mandato de vereador no dia 23 de setembro. Ele disputou um cargo de deputado e estadual e foi eleito para a Assembleia Legislativa do Paraná a partir de 2023.

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