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Pazuello acusa São Paulo de marketing, e Doria rebate: governo dá golpe de morte

Pazuello acusa São Paulo de marketing, e Doria rebate: governo dá golpe de morte

A disputa política em torno da vacina contra a covid-19 permanece. Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PDSB)..

Vinicius Cordeiro - domingo, 17 de janeiro de 2021 - 17:10

A disputa política em torno da vacina contra a covid-19 permanece. Enquanto o governador de São Paulo, João Doria (PDSB), começou a vacinação com profissionais da saúde, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificou a ação como “jogada de marketing”.

Ao ter conhecimento da afirmação do ministro, Doria elevou o tom:

“Sobre golpe de marketing, eu respondo. O governo federal, há 11 meses, faz golpes de morte contra os brasileiros com negacionismo, recomendação do uso da cloroquina, falta de vacina, seringas, agulhas, orientação e de bons exemplos. Frases lamentáveis como ‘e daí’, ‘pressa para que’, ‘toma cloroquina que passa’, ‘lavo minhas mãos’. Isso sim é golpe”, rebateu o governador de São Paulo.

“A Coronavac é a única vacina que temos no país porque São Paulo fez, agiu e atuou. Não foi o Ministério da Saúde, não foi o ministro Eduardo Pazuello, não foi Jair Messias Bolsonaro. Foram os cientistas do Butantan”, completou Doria.

A relação com o governo federal se tornou tão desgastada que o governador vai encaminhar 50 mil doses da cota de São Paulo diretamente (sem intermédio da União) aos profissionais de saúde de Manaus, que vive o colapso no sistema de Saúde, pois não confia mais no Ministério da Saúde. 

DORIA CELEBRA VACINA E AUMENTA

Doria ao lado da enfermeira Mônica Calazans, primeira vacinada do Brasil. (Divulgação/Governo de São Paulo)

Doria não fez questão a felicidade em protagonizar as primeiras vacinações no Brasil. “Hoje é o dia V da vacina, da vitória, da verdade. É o dia da vida”, enfatizou.

O tucano também enfatizou as críticas. “A vitória de hoje é daqueles que valorizam e trabalham pela vida, ao contrário daqueles que nos últimos onze meses flertaram com a morte, contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte ao invés do valor e da alegria da vida”, enfatizou.

Além disso, as outras autoridades paulistas também reforçaram que em nenhum momento defenderam a cloroquina, recomendada pela União como tratamento como covid-19. O medicamento, no entanto, não tem qualquer eficácia comprovada cientificamente. Esse foi um dos pontos mais abordados nos diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aprovaram o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford/AstraZeneca neste domingo (17).

Doria esteve o tempo todo ao lado da enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos. Ela foi escolhida para ser a primeira pessoa do Brasil a ser vacinada contra a covid-19.

“Falo para que a população acredite na vacina. Falo como brasileira, enfermeira e mulher. Vamos pensar em quantas famílias nós perdemos. Diante disso, é por isso que eu participei da campanha. Me falaram que eu era cobaia, mas aprendi que sou participante de pesquisa e estou muito orgulhosa por isso”, desabafou a enfermeira.

PAZUELO RETRUCA E EXPLICA CONFUSÃO COM A ÍNDIA

O ministro Eduardo Pazuello, da Saúde, não esperou muito e também concedeu entrevista coletiva para falar sobre a aprovação do uso das vacinas no Brasil.

Em discurso com tom elevado em alguns momentos e bem-humorado em outros, o general afirmou que o país vive uma luta contra o vírus e confirmou que a vacinação começará no dia 20 de janeiro, às 10h.

“Adquirimos e pagamos dois milhões de doses por meio da AstraZeneca. Numa conversa, ainda de nível diplomático, ficou claro que a Índia iria começar a vacinação ontem e seria interessante que a saída acontecesse depois. É muito provável que a gente consiga coordenar essa entrega no começo dessa semana. Estamos nas negociações diplomáticas. Já está comprada, com documento assinado, e autorização do transporte aéreo. Agora estamos negociando o momento exato de saída”, explicou.

Nesse cronograma, o Ministério da Saúde afirma que vai distribuir seis milhões de doses de vacinas aos estados de maneira proporcional às populações e de forma simultânea. O primeiro repasse acontece nesta segunda-feira (18), que dará tempo aos governos estaduais organizarem a redistribuição entre os municípios para iniciar a vacinação na quarta-feira.

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