‘Não se trata de Deltan, se trata de democracia’, diz Deltan
Cercado por aproximadamente duas dezenas de apoiadores, Deltan Dallagnol afirmou que defender o mandato dele é defender a democracia
O ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos), cassado nessa semana pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por burlar a Lei da Ficha Limpa, disse nesta sexta-feira (19) que o indeferimento do registro da candidatura dele é uma afronta à democracia.
Ao retornar pela primeira vez a Curitiba desde que perdeu o mandato, o político teve um recepção morna no aeroporto. O ex-procurador da Lava Jato mudou levemente o discurso de que foi cassado por “vingança dos corruptos”. Agora, ele afirma que defender o mandato dele é defender a democracia.
“O sentimento é de união com as pessoas que lutam pela mesma causa. Não se trata de Deltan, se trata de democracia, de respeito ao voto, de respeitar a autonomia das pessoas para escolherem e escreverem seu futuro”, disse ele, ao desembarcar no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Grande Curitiba.
Aproximadamente duas dezenas de apoiadores aguardavam o retorno de Deltan Dallagnol à capital paranaense. Os militantes exibiam cartazes em apoio ao ex-procurador. As mensagens diziam: “Deixem Deltan trabalhar” e “344 mil vozes caladas”, em referência aos votos depositados nele nas Eleições 2022.
“Quando se derrubam votos ilegalmente está se derrubando a possibilidade do povo escolher quem ele quer ser, escolher o caminho que ele quer trilhar. Nós estamos aqui para defender a democracia, para defender votos, para defender o povo brasileiro e o Brasil. Para lutar pela liberdade e pelos nossos direitos”, afirmou.
“O combate à corrupção não vai ser enterrao pelos corruptos. Esse país não vai ser de ladrões”, concluiu Deltan.
REGISTRO DE CANDIDATURA INDEFERIDO
O PT e outros três partidos questionavam o fato de que Dallagnol pediu exoneração do MPF (Ministério Público Federal) no momento em que tinham processos administrativos pendentes de julgamento. Desde 2010, uma emenda apresentada pelo então deputado Flávio Dino acrescentou esse cenário à Lei da Ficha Limpa.
“Art. 1º São inelegíveis: […] q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos“.
DELTAN INELEGÍVEL
Algumas horas após a decisão do TSE, Deltan Dallagnol manifestou indignação com o indeferimento do registro da candidatura. Ele classificou o gesto como uma “vingança” ao suposto trabalho de combate à corrupção.
O ex-procurador afirmou que “nenhum obstáculo vai impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”.
O Podemos, partido de Deltan, disse que “não poupará esforços na avaliação de medidas que ainda podem ser tomadas”.
Segundo decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral, os pouco mais de 344 mil votos recebidos por Dallagnol permanecem computados em favor do Podemos, partido pelo qual ele concorreu nas Eleições 2022. Apesar disso, inicialmente, a legenda perdeu a única cadeira a que tinha direito na bancada paranaense da Câmara.
Segundo, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o primeiro suplente do Podemos, Luiz Carlos Hauly, não fez uma votação suficiente para romper a cláusula de barreira. Por isso, a vaga de Deltan foi herdada pelo Pastor Itamar Paim, do PL.
