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“Não estava à frente da manifestação”, diz Renato Freitas na CMC

“Não estava à frente da manifestação”, diz Renato Freitas na CMC

O petista é alvo de um Processo Ético-Disciplinar (PED) por quebra de decoro parlamentar ao ocupar um templo religioso.

Johan Gaissler - terça-feira, 12 de abril de 2022 - 16:12

Em depoimento ao Conselho de Ética da CMC (Câmara Municipal de Curitiba) na segunda-feira (11), o vereador Renato Freitas (PT) afirmou que “não estava à frente da manifestação” que entrou na Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, no mês de fevereiro.

O petista é alvo de um Processo Ético-Disciplinar (PED) por quebra de decoro parlamentar ao ocupar um templo religioso. No dia de ontem, as testemunhas de defesa e o vereador foram ouvidos.

O processo agora segue para a elaboração de um parecer dos relatores, os vereadores Sidnei Toaldo (Patriota) e Maria Leticia (PV), que devem fazê-lo em até 10 dias úteis, mesmo prazo para a manifestação da defesa de Renato Freitas. Em seguida, o conselho decide se arquiva o processo ou se é aplicada uma infração ético-disciplinar, que pode ser desde uma advertência até a cassação do mandato.

Questionado sobre a organização do ato, o petista diz: “Eu não estava o tempo todo à frente da manifestação. Fui o primeiro a falar porque conversei com aquela auxiliar do padre, que me deu o microfone em mãos por não ter visto em mim uma ameaça, ou uma tentativa de sacrilégio. Neste momento, tomei à frente, pensando na minha imagem como figura pública, para evitar qualquer conflito”.

Já o vereador Denian Couto (Podemos) perguntou se o comportamento do em questão estava dentro “do que se espera de uma autoridade pública do Município”. Em resposta, Renato Freitas citou o artigo 3º do Regimento Interno da CMC, onde diz ser dever dos parlamentares de Curitiba “prestar solidariedade política a todos os cidadãos, em especial aos perseguidos”.

Denian citou a liberdade religiosa, e perguntou se o vereador se certificou de que a missa tinha acabado ao entrar no templo. Renato Freitas disse que a liturgia foi respeitada e que ingressou na Igreja do Rosário após ver “o padre do lado de fora [do prédio] e sem batina”. “Faria de novo?”, perguntou Couto, ao que o vereador disse que seria hipocrisia da sua parte responder, mas que não sabia, no momento, “que as pessoas se valeriam dessa oportunidade para destilar animosidade política que vai além do fato em si”.

Sobre um dos vídeos de dentro da igreja, recortado no trecho em que Renato Freitas fala, o vereador disse que a peça mostra que ele não foi o único a se manifestar durante os minutos em que ficaram dentro do templo.

“Antes de mim e depois de mim outros falaram. Também demonstra que eu não estava com nenhuma bandeira [de partido político], a bandeira que aparece no vídeo é do PCB, partido que não é a minha sigla. Eu não sou o dono e não era dono da manifestação”, disse.

O caso

Em 24 de janeiro de 2022, o imigrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi assassinado após ser agredido no quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Ele chegou a trabalhar no local e era remunerado por dia de serviço. A confusão ocorreu após ele cobrar por dois dias não pagos. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi por traumatismo do tórax.

O crime repercutiu na imprensa e nas redes sociais, que pediam justiça pela morte do rapaz. Em 5 de fevereiro, foram organizados protestos em capitais brasileiras, como Curitiba, e que virou polêmica pela entrada em um templo religioso. Ao identificarem o vereador Renato Freitas como um dos ocupantes, ele afirmou à época que a manifestação seria encerrada em uma “igreja feita por pretos e para os pretos”.

Após isso, a Câmara Municipal da capital paranaense levou o caso ao Conselho de Ética. No último mês, a Arquidiocese de Curitiba chegou a solicitar que o vereador petista não perca o mandato.

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