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Moro nega que favoreceu Bolsonaro ao divulgar depoimento de Palocci

Moro nega que favoreceu Bolsonaro ao divulgar depoimento de Palocci

Em entrevista a uma bancada de jornalistas no programa Roda Vida, da TV Cultura, nesta segunda-feira (20), o ministro da..

Jorge de Sousa - terça-feira, 21 de janeiro de 2020 - 00:32

Em entrevista a uma bancada de jornalistas no programa Roda Vida, da TV Cultura, nesta segunda-feira (20), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, se defendeu das acusações de ter beneficiado deliberadamente o presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, ao divulgar delação premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci.

A divulgação foi feita por Moro no dia 1º de outubro de 2018, seis dias antes do primeiro turno das eleições gerais daquele ano. No depoimento para a Polícia Federal, Palocci sugere que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia dos desvios financeiros na Petrobras e que articulou recursos ilícitos para as duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff.

“O próprio Palocci já havia prestado depoimentos nessa mesma vara e é o que está basicamente naquele documento. Nós pegamos o documento que já havia vindo a público e que foi colocado no processo. Foi feito uma exposição como algo inédito, sendo que já havia sido apresentado. Eu tinha que dar publicidade a esse depoimento, se não a defesa poderia depois pedir nulidade do processo por não ter usado essa prova”, colocou Moro.

Outra decisão de Moro questionada pelos jornalistas foi a divulgação em 2016 do áudio entre Lula e Dilma, no qual há indícios que Rousseff iria oferecer o Ministério da Casa Civil para o ex-presidente, impedindo assim seu julgamento.

Mas uma reportagem da Folha de São Paulo de novembro de 2019, mostrou que a Lava Jato tinha outros áudios de Lula, no qual o ex-presidente em conversa com o então vice-presidente Michel Temer, declarou estar receoso em assumir o ministério e que mostrava uma tentativa de aproximação do PT com o MDB de Temer par dar estabilidade ao governo de Dilma.

“Se dá uma importância a esse áudio que não existe. Não é responsabilidade do juiz os reflexos e sim o processo. Não existem razões obscuras da não divulgação desse material. O que existe é uma clara situação de obstrução de Justiça e por isso achamos que o caminho correto seria não liberar”, pontuou Moro.

VAZA JATO

Perguntado sobre a série de reportagens do The Intercept Brasil popularmente conhecida como ‘Vaza Jato’, Moro chamou o conteúdo de “bobajarada” e disse que não dá peso para o conteúdo.

“Esse é um episódio menor. Nunca dei importância para isso. Foi usado politicamente para liberar criminosos presos e enfraquecer o Ministério da Justiça e Segurança pública. Não é verdadeiro que houve um conluio”, explicou Moro.

Ainda sobre a ‘Vaza Jato’, Moro negou a autenticidade dos materiais vazados e reforçou que o conteúdo das mensagens é normal entre o juiz e os procuradores e também com a Polícia Federal.

“Foi criado um sensacionalismo. O Ministério Público pedindo a prisão de X. Se essa mensagem aconteceu, não tem nada de errado. Isso acontece todo dia em todos os fóruns do Brasil. Não teve ninguém condenado sem provas nesse caso. Se os conteúdos que forem apresentados fossem verdadeiros, não teria nada de errado, mas eu não reconheço a autenticidade”, sentenciou Moro.

BANCADA DO RODA VIVA

A bancada do Roda Viva contou pela primeira vez com o comando da jornalista do O Estado de São Paulo Vera Magalhães. O restante da mesa foi composto pelos jornalistas Leandro Colon (Folha de São Paulo), Malu Gaspar (Revista Piauí), Alan Gripp (O Globo), Andreza Matais (O Estado de São Paulo) e Felipe Moura Brasil (Rádio Jovem Pan).

Responsável pelas matérias da Vaza Jato, o The Intercept Brasil não contou com representantes na bancada do Roda Viva. O veículo divulgou reportagem no último sábado (18), apontando que Moro aprovou previamente os jornalistas presentes na entrevista, fato negado por Vera Magalhães logo no início do programa.

Alguns jornalistas do The Intercept Brasil fizeram um live em seu canal no YouTube durante a entrevista de Moro, comentando as falas do ministro. A exibição chegou a alcançar mais de 14 mil pessoas em determinados momentos.

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