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Moro chega à sede da PF para prestar depoimento sob protestos e aplausos

Moro chega à sede da PF para prestar depoimento sob protestos e aplausos

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou por volta das 13h15, na sede da PF (Polícia Federal), ..

Ana Cláudia Freire - sábado, 2 de maio de 2020 - 13:24

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou por volta das 13h15, na sede da PF (Polícia Federal), em Curitiba, para prestar depoimento no inquérito que investiga as acusações feitas por Moro, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Sergio Moro presta depoimento depois que o Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello, determinou nesta quinta-feira (30), que o ex-ministro fosse intimado para prestar depoimento à PF (Polícia Federal), no prazo de cinco dias. O prazo anterior era de 60 dias. O novo prazo, mais curto, ajuda a blindar as investigações.

Apoiadores do ex-ministro e apoiadores do presidente  chegaram a dividir o mesmo espaço em frente à sede da PF e houve confusão. Um cinegrafista da RIC TV (afiliada da RECORD no PR) foi agredido por um manifestante, que o confundiu com um funcionário da TV Globo. Depois da confusão a segurança foi reforçada pela PMPR (Polícia Militar do Paraná).

DEPOIMENTOS

O depoimento de Sergio Moro será conduzido por delegados do Sinq (Serviço de Inquéritos Especiais), que é o grupo responsável por conduzir inquéritos autorizados pelo STF .

O Sinq funciona na sede da PF em Brasília e é subordinado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor). O delegado Igor Romário de Paula, que foi coordenador da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, é o atual diretor da Dicor e deve designar um delegado para o caso de Moro.

Também devem participar das oitivas três procuradores da PGR (Procuradoria-Geral da República). Augusto Aras, procurador-geral da República, foi quem solicitou a abertura do inquérito para apurar as denúncias do ex-ministro Sergio Moro.

O inquérito no STF está sob responsabilidade do Ministro Celso de Mello.

ACUSAÇÕES DE MORO

Sergio Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de interferir nas investigações da Polícia Federal. As acusações foram feitas no dia em que Sergio Moro pediu demissão da pasta, na sexta-feira da semana passada.

Durante todo o pronunciamento, o ex-ministro Sergio Moro reforçou que deixava a pasta por conta das interferências políticas do governo nas investigações feitas pela Polícia Federal.

“Bolsonaro me disse mais de uma vez que queria um diretor que pudesse ser de seu contato pessoal, que ele pudesse ligar, obter informações. Imagine se na época da Lava Jato a presidente Dilma, e o ex-presidente, ligassem para obter informações sobre as investigações? Isso na dá!

Moro reforçou que não teria problema nenhum em trocar os comandos da Polícia Federal, tanto com relação à direção da PF quanto às superintendências  (embora o ex-ministro tenha afirmado que as as indicações para as superintendências não fariam parte do seu trabalho), mas reforçou que precisaria de um real motivo para tais mudanças.

“Não é tanta a questão de quem, mas por quê está saindo. Ontem houve uma insistência do presidente para troca. Eu disse a ele que seria uma interferência política e ele disse  que seria mesmo.”

INVESTIGAÇÃO DAS DENÚNCIAS

Pela decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ministro Celso de Mello, Sergio Moro deverá apresentar provas das acusações feitas na semana passada contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A oitiva será a primeira medida tomada no inquérito aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para apurar suposta tentativa de interferência na PF ou crime de denunciação caluniosa.

A partir desse momento, a Câmara dos Deputados precisa autorizar, com anuência de pelo menos dois terços dos deputados, para que o STF possa deliberar ou não sobre a aceitação da denúncia.

Se as acusações de Moro se mostrarem infundadas, é possível que o ex-ministro Moro tenha cometido denunciação caluniosa ou crime contra a honra, duas possibilidades que também serão investigadas no inquérito.

POLÍCIA FEDERAL SEGUE SEM NOMEAÇÃO PARA DIREÇÃO

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal, que tomaria posse na última  quarta-feira (29).

Alexandre Ramagem Rodrigues seria o novo diretor-geral da Polícia Federal, em substituição a Mauricio Valeixo, que foi exonerado do cargo na semana passada. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de terça-feira (28).  Ramagem voltou para a direção geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que ocupa desde julho de 2019, quando foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Após decisão do STF, o presidente Jair Bolsonaro revogou a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal. A desistência de nomear Ramagem para a diretoria-geral da PF foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

 

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