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Lava Jato: Força-tarefa diz que hackers puderam adulterar conversas do Telegram

Lava Jato: Força-tarefa diz que hackers puderam adulterar conversas do Telegram

Os procuradores da República que integraram a força-tarefa da Lava Jato no Paraná apontam que os hackers podem ter adult..

Vinicius Cordeiro - segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021 - 16:26

Os procuradores da República que integraram a força-tarefa da Lava Jato no Paraná apontam que os hackers podem ter adulterado as conversas do grupo no Telegram e negam a existência de qualquer investigação sobre condutas de autoridades com foro privilegiado.

“Como o telegram permite que quem acesse online as contas edite ou apague mensagens, sem que isso fique registrado no curso das conversas, o hacker teve acesso à livre adulteração das conversas com as prerrogativas de titular das contas”, diz a força-tarefa em dois ofícios enviados ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), à PGR (Procuradoria-Geral da República) e ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), divulgados nesta segunda-feira (8).

O posicionamento foi feito após a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentar parte dos diálogos entre membros da força-tarefa, que será apreciada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (9). De acordo com o colunista Kennedy Alencar, do UOL, os ministros devem validar acesso a mensagens e abrir caminho para Lula anular as sentenças que o tornam inelegível.

Uma das conversas reveladas levou o presidente do STJ, Humberto Martins, solicitar ao procurador-geral Augusto Aras uma apuração sobre uma tentativa de investigar ministros do tribunal. Sobre o tema, os procuradores alegam que qualquer investigação sobre ministros seria inútil e contraproducente.

“Os procuradores reiteram que jamais praticaram qualquer ato de investigação sobre condutas de autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função”, afirma a força-tarefa.

MENSANGES FAZEM PLANO PARA OBTER SUSPEIÇÃO DE MORO, APONTA LAVA JATO

A Lava Jato também aponta que as mensagens deram um início a divulgações “sensacionalistas” e “factóides” desconexas com a realidade, ressaltando que ainda não há provas de qualquer ilegalidade por parte da operação desde a divulgação dos diálogos. Sem citar Lula, que busca suspeição de Moro para se livrar das condenações dos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, os procuradores dizem que tudo é um projeto para ter uma série de anulações.

Um evidente plano de comunicação para influenciar o julgamento da alegada suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro e anular condenações bastante sólidas, já confirmadas inclusive pelo próprio Superior Tribunal de Justiça”, completa os integrantes da operação contra corrupção no país.

Deltan Dallagnol, ex-chefe da operação anticorrupção em Curitiba, e Januário Paludo, Julio Noronha, Laura Tessler e Roberson Pozzobon são alguns dos membros que assinaram os documentos. Na semana passada, alguns dos procuradores passaram a atuar no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MPF (Ministério Público Federal).

Por fim, a Lava Jato voltou a ressaltar que as mensagens obtidas por um ataque hacker são ilegais. Vale lembrar que parte dos diálogos obtidos pelo site Intercept Brasil, que produziu a série de reportagens reconhecidas como Vaza Jato.

“A obtenção das supostas mensagens em meio a materiais apreendidos com hackers, ainda que mediante decisão judicial, não torna a sua divulgação menos grave. A origem continua sendo criminosa e a Justiça não pode ou deve agir para ampliar a violação já consumada dos direitos e privacidade das vítimas”, finaliza.

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