Governo do Paraná não sabe por que servidores estavam em avião particular
Dois servidores da Casa Civil estavam a bordo do monomotor que sumiu do radar quando sobrevoava a Serra do Mar. Governo do Paraná tem poucas informações
Cerca de 30 horas após uma avião de pequeno porte desaparecer do radar na Serra do Mar, no litoral, o Governo do Paraná ainda não sabe explicar por que dois servidores do alto escalão do Executivo cumpriam agenda de trabalho em uma aeronave particular.
O monomotor partiu de Umuarama, na região noroeste do Paraná, por volta das 7h50 desta segunda-feira (3), com previsão de chegada às 10h24 em Paranaguá, no litoral. Aproximadamente 10 minutos antes do pouso previsto, o Piper Aircraft (modelo PA-28R-200) sumiu do radar.
Três pessoas estavam na aeronave. Além do piloto Jonas Borges Julião, estavam a bordo dois servidores lotados atualmente na Casa Civil: o ex-diretor do Instituto Água e Terra Felipe Furquim e o superintendente da Secretaria de Estado do Turismo Heitor Guilherme Genowei Júnior, conhecido como “Juninho do Posto”.
Em nota oficial, o Governo do Paraná disse que os servidores estavam em deslocamento para uma agenda de trabalho em Paranaguá. “Eles avaliariam a atracagem de futuros navios de turismo no Litoral. O Governo do Estado está amparando os familiares nesse momento de apreensão”, diz o comunicado.
Questionado sobre a aeronave, o Palácio Iguaçu confirmou que os servidores estavam em um avião particular, mas não soube explicar o motivo. Fontes ligadas ao alto escalão do Executivo dizem, sob condição de anonimato, que o fato causa estranheza. Não é usual que servidores em agenda oficial façam deslocamentos em veículos particulares.
AVIÃO PERTENCE A EMPRESÁRIO
O avião que desapareceu na Serra do Mar, no Paraná, é um Piper Aircraft (modelo PA-28R-200), construído em 1974. Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o monomotor estava em situação regular e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) era válido até dezembro de 2023. O avião não tinha autorização para táxi aéreo.
O monomotor desaparecido está registrado pelo proprietário João Cezar Passos, um empresário conhecido na região de Umuarama como “Babão”. Ele não foi localizado pela reportagem. A operadora do avião, a piloto Camila Pires Salviato, atendeu o telefonema, mas encerrou a ligação após ser questionada sobre o caso.
Em 2002, a Operação Nicotina, da Polícia Federal, prendeu um empresário chamado João Cezar Passos durante uma investigação contra a introdução ilegal de cigarros falsificados no Brasil. Um ano depois, junto a outros cinco empresários e atravessadores, ele foi condenado pela 1ª Vara Federal de Foz do Iguaçu a mais de 11 anos de prisão por contrabando, descaminho, formação de quadrilha e crime continuado.
Ainda não se sabe se este homem é o dono do avião ou um homônimo. O Governo do Paraná não comentou a correlação dos fatos.
O governador Ratinho Junior (PSD) cumpre agenda em Brasília e deve retornar ao Paraná apenas nesta quarta-feira (5). Nesta tarde, ao sair de uma reunião no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), Ratinho não atendeu a impresa.