Política
Governo do Paraná não sabe por que servidores estavam em avião particular

Governo do Paraná não sabe por que servidores estavam em avião particular

Dois servidores da Casa Civil estavam a bordo do monomotor que sumiu do radar quando sobrevoava a Serra do Mar. Governo do Paraná tem poucas informações

Angelo Sfair - terça-feira, 4 de julho de 2023 - 17:00

Cerca de 30 horas após uma avião de pequeno porte desaparecer do radar na Serra do Mar, no litoral, o Governo do Paraná ainda não sabe explicar por que dois servidores do alto escalão do Executivo cumpriam agenda de trabalho em uma aeronave particular.

O monomotor partiu de Umuarama, na região noroeste do Paraná, por volta das 7h50 desta segunda-feira (3), com previsão de chegada às 10h24 em Paranaguá, no litoral. Aproximadamente 10 minutos antes do pouso previsto, o Piper Aircraft (modelo PA-28R-200) sumiu do radar.

Três pessoas estavam na aeronave. Além do piloto Jonas Borges Julião, estavam a bordo dois servidores lotados atualmente na Casa Civil: o ex-diretor do Instituto Água e Terra Felipe Furquim e o superintendente da Secretaria de Estado do Turismo Heitor Guilherme Genowei Júnior, conhecido como “Juninho do Posto”.

Em nota oficial, o Governo do Paraná disse que os servidores estavam em deslocamento para uma agenda de trabalho em Paranaguá. “Eles avaliariam a atracagem de futuros navios de turismo no Litoral. O Governo do Estado está amparando os familiares nesse momento de apreensão”, diz o comunicado.

Questionado sobre a aeronave, o Palácio Iguaçu confirmou que os servidores estavam em um avião particular, mas não soube explicar o motivo. Fontes ligadas ao alto escalão do Executivo dizem, sob condição de anonimato, que o fato causa estranheza. Não é usual que servidores em agenda oficial façam deslocamentos em veículos particulares.

AVIÃO PERTENCE A EMPRESÁRIO

O avião que desapareceu na Serra do Mar, no Paraná, é um Piper Aircraft (modelo PA-28R-200), construído em 1974. Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), o monomotor estava em situação regular e o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) era válido até dezembro de 2023. O avião não tinha autorização para táxi aéreo.

O monomotor desaparecido está registrado pelo proprietário João Cezar Passos, um empresário conhecido na região de Umuarama como “Babão”. Ele não foi localizado pela reportagem. A operadora do avião, a piloto Camila Pires Salviato, atendeu o telefonema, mas encerrou a ligação após ser questionada sobre o caso.

Informações do Sistema RAB (Reprodução/ANAC)

Em 2002, a Operação Nicotina, da Polícia Federal, prendeu um empresário chamado João Cezar Passos durante uma investigação contra a introdução ilegal de cigarros falsificados no Brasil. Um ano depois, junto a outros cinco empresários e atravessadores, ele foi condenado pela 1ª Vara Federal de Foz do Iguaçu a mais de 11 anos de prisão por contrabando, descaminho, formação de quadrilha e crime continuado.

Ainda não se sabe se este homem é o dono do avião ou um homônimo. O Governo do Paraná não comentou a correlação dos fatos.

O governador Ratinho Junior (PSD) cumpre agenda em Brasília e deve retornar ao Paraná apenas nesta quarta-feira (5). Nesta tarde, ao sair de uma reunião no Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), Ratinho não atendeu a impresa.

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