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Bolsonaro ignorou impacto da Covid-19 por decisão consciente, diz Mandetta

Bolsonaro ignorou impacto da Covid-19 por decisão consciente, diz Mandetta

Embora tenha se recusado a analisar os números, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alertado de projeções de m..

Natália Cancian - Folhapress - sexta-feira, 25 de setembro de 2020 - 14:10

Embora tenha se recusado a analisar os números, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alertado de projeções de mortes pela Covid-19 e da gravidade da doença. A afirmação é do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que lança nesta sexta-feira (25) livro em que relata bastidores da crise que levou à sua saída do cargo, em abril.

Entre eles, está uma reunião na qual ele afirma ter apresentado projeções de equipes da pasta que indicavam o risco de o país chegar a até 180 mil mortes pela Covid caso não fossem adotadas medidas de prevenção e isolamento.

Bolsonaro, porém, ignorou os alertas. “Ele tinha pessoas no entorno dele que mostravam outro cenário. E, como tinha uma assessoria paralela que fala o que se queria escutar, ele embarcou. Ele fez uma decisão não irracional, pensada. Ele não pode dizer ‘eu não sabia que seria assim’.”

Em entrevista à reportagem, Mandetta comenta alguns desses bastidores.

Pergunta – No livro, o sr. relata uma série de atritos com Bolsonaro e o processo que o levou à saída do cargo. O que o levou a querer registrar isso em um livro e que mensagem pretende passar com ele?

Luiz Henrique Mandetta – Quando eu estava no ministério, fui procurar o que tinha escrito sobre outras crises sanitárias. É um vazio total. Tem muitos artigos, mas sempre focados na doença, e nada sobre o ambiente ?

LHM – Vamos passar as eleições de agora e ver. Não é uma coisa líquida e certa. O que acho é que essa polarização, de pessoas falarem que tem de votar no Bolsonaro para não voltar o PT, e o PT falar em votar no PT para não ter o Bolsonaro, isso deixa o eleitor angustiado.

Espero que haja maturidade política para um caminho de convergência, um caminho pelo centro, democrático. Se isso acontecer, posso distribuir santinho, ajudar, participar de todas as maneiras.

O caminho do Brasil é reconciliar. Não dá mais para apostar em ruptura. Por enquanto vou trabalhar e escutar o que o Brasil tem a dizer.

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