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Startup de Maringá cria plataforma para compensar pegada de carbono
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Startup de Maringá cria plataforma para compensar pegada de carbono

Empresas pagam para a ‘Jiantan’ pelo Bônus de Remoção de Carbono; valor é repassado para agricultores

Mirian Villa - segunda-feira, 10 de junho de 2024 - 08:58

A startup ‘Jiantan’, de Maringá, na região norte do Paraná, desenvolveu um modelo de negócio pensado para contribuir com a diminuição da pegada de carbono, conceito usado para calcular os danos causados por pessoas ou serviços no meio ambiente.

Com a criação da plataforma, às empresas pagam para compensar as emissões geradas por seus produtos. Isso acontece após a compra de Bônus de Remoção de Carbono (BRC), provenientes do serviço ambiental prestado por agricultores cujas propriedades possuem áreas de mata nativa.

A sociedade da startup ‘Jiantan’ é composta pelo engenheiro agrônomo João Berdu, o web designer Stanley Raphael e o economista Marcelo Farid. Segundo Berdu, o serviço oferecido é importante para empresas que desejem demonstrar o engajamento com causas sustentáveis e para os produtores rurais, que conseguem uma renda extra por terem uma área de preservação em sua propriedade.

“O BRC é uma ferramenta que permite aos gestores compensar a pegada de carbono de produtos ou serviços de modo a atender as demandas de sustentabilidade e de agregar valor ao produto de forma objetiva, acessível e transparente”, destaca Berdu.

De maneira prática, uma empresa interessada paga para a Jiantan pelo Bônus de Remoção de Carbono, e a startup repassa esse valor para o produtor rural dono de uma área de preservação de mata nativa.

Como funciona a compensação de carbono?

O primeiro passo do trabalho da Jiantan ocorre após o contato de uma empresa com o interesse de criar soluções para a compensação de emissões de CO2 geradas por seus serviços e produtos. A partir disso, é necessário providenciar um inventário que calcule a pegada de carbono deixada anteriormente.

Com base nesses dados, é possível mensurar o custo para fazer a compensação necessária. Com base em dados de georreferenciamento existentes no CAR, a startup localiza a propriedade, identifica e avalia a integridade da preservação das áreas de mata nativa utilizando critérios estabelecidos pelo Instituto Água e Terra (IAT).

Dessa forma, quantifica o volume de carbono que a área de preservação removeu da atmosfera nos últimos 12 meses. Segundo dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), uma mata nativa com preservação do Bioma Mata Atlântica, por exemplo, retira nove toneladas de carbono por hectare em 12 meses. Ou seja, cada hectare de mata nativa preservada gera nove BRCs por ano.

A startup conta com duas modalidades de repasse de valores para os produtores rurais. A primeira é a modalidade Mercado, onde o produtor fica com 30% da receita bruta na venda do bônus, a Jiantan fica com outros 30% e, dos 40% restantes, parte é reservada para o pagamento de impostos, custos de venda, além da destinação de 10% a um sindicato rural parceiro indicado pelo produtor. Já na modalidade Integração, o produtor rural pode ficar com até 70% do valor obtido com a venda do bônus.

A startup também disponibiliza um certificado de remoção de carbono para as empresas que utilizam o serviço. Nele, consta um QR Code que leva a uma imagem da localização exata da mata nativa da qual foi retirado o bônus. A ideia é que as empresas apresentem esse certificado nos produtos e materiais promocionais.

Agricultores já receberam R$ 65 mil com iniciativa

Desde o início das operações, em 2023, já foram pagos mais de R$ 65 mil para os agricultores cadastrados na plataforma e até o fim de 2024 já está garantido o pagamento de mais R$ 40 mil. O CEO ainda explica que a compensação de carbono é uma tendência de mercado, sendo aplicada em empresas de grande porte.

“Recentemente a Microsoft adquiriu no Brasil o serviço de remoção de carbono, no valor de US$ 100 milhões, de uma empresa de reflorestamento na Amazônia. Atualmente a Jintan é a única empresa no Brasil que já está remunerando produtores rurais pelo serviço ambiental de remoção de carbono prestado por suas áreas de mata nativa”, acrescentou o CEO.

Além de fazer parte da Incubadora Tecnológica de Maringá, a startup foi uma das 68 empresas selecionadas no primeiro edital do Paraná Anjo Inovador dentro da temática de sustentabilidade. O aporte financeiro disponibilizado pelo programa do Estado a auxiliará a desenvolver novas soluções tecnológicas para melhorar o atendimento a empresas e agricultores cadastrados na plataforma.

“O Anjo Inovador nos permitiu contratar pessoal para o desenvolvimento de uma inteligência artificial para a análise da integridade da preservação e para incrementar o relacionamento com os produtores e empresas”, conta Berdu.

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