Agronegócio
Paraná deve ter queda de 3% na safra de verão por conta da crise hídrica

Paraná deve ter queda de 3% na safra de verão por conta da crise hídrica

O Paraná deve colher 22,54 milhões de toneladas em uma área de 6,24 milhões de hectares na safra de verão, o que represe..

Redação - quinta-feira, 23 de dezembro de 2021 - 08:00

O Paraná deve colher 22,54 milhões de toneladas em uma área de 6,24 milhões de hectares na safra de verão, o que representa uma queda de 3% em relação ao último período e aumento de 2% na área plantada. Os dados aparecem no relatório mensal do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

Segundo a administração estadual, as principais culturas do agro no Paraná  sofreram com a estiagem que o Estado teve nos últimos meses. Com isso, a expectativa é de redução na produção de soja (12%), milho (13%) e feijão (10%) em relação ao esperado.

Para o secretário Norberto Ortigara, da Agricultura e do Abastecimento, o 2021 foi desafiador para os agricultores. “Tivemos uma profunda crise hídrica e geadas severas que provocaram perdas na produção. Porém, acabamos o ano com o setor agro participando em mais de 80% do esforço exportador do Paraná”, diz ele.

O relatório do Deral ainda aponta a primeira estimativa para a segunda safra de feijão, que deve ter um acréscimo de 2% na área plantada comparativamente à safra passada, somando 267,3 mil hectares; e para a segunda safra de milho, cuja expectativa sinaliza uma área de 2,56 milhões de hectares.

“A produção de milho pode chegar a 15 milhões de toneladas, se o clima colaborar”, aponta o chefe do Deral, Salatiel Turra. Esse volume representaria um aumento de 163% ante a produção do ciclo 20/21.

SOJA

As altas temperaturas e a falta de umidade prejudicam as lavouras em grande parte do Paraná foram determinantes para o impacto negativo nas estimativas do Deral. A previsão inicial era de um volume superior a 21 milhões de toneladas. No entanto, a reavaliação fez com que a expectativa passasse para 18,4 milhões de toneladas. Ou seja, uma redução de 12%. Já em relação ao volume colhido no último ano, a diminuição é de 7%.

A região Oeste do Paraná, onde os agricultores costumam plantar mais cedo do que no restante do Estado, é a mais afetada pelas perdas até o momento, com queda de 32% nas estimativas de produção. Outra redução significativa, de 26%, foi registrada no Noroeste.

“Além do clima adverso, essa região está condicionada a características do solo que causam menor conservação da umidade”, explica o economista do Deral Marcelo Garrido.

Também têm quedas nas expectativas de produção a região Sudoeste (-22%) e o Centro-Oeste (-20%). Já no Norte do Estado, em regiões como Londrina e Maringá, ainda não é possível avaliar sistematicamente as perdas já que, se ocorrerem chuvas nos próximos dias, as condições das lavouras podem melhorar.

Das lavouras a campo, 57% estão em boas condições, 30% em condições médias e 13% em condições consideradas ruins. Em relação às fases, 28% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 43% em floração, 28% em frutificação e 1% em maturação.

Até novembro, 8% da produção – o equivalente a cerca de 1,72 milhão de toneladas – estava comercializada pelos agricultores. O índice está abaixo do atingido no mesmo período do ano passado – 42% do total estimado para a época, equivalente a 8,71 milhões de toneladas. Na última semana, os produtores receberam, em média, R$ 157,09 pela saca de 60 kg.

MILHO 

Assim como a soja, as lavouras de milho da primeira safra 21/22 também foram afetadas pelas altas temperaturas e falta de chuvas no Paraná. O relatório de dezembro aponta para a produção de 3,7 milhões de toneladas, 551 mil toneladas a menos do que se esperava inicialmente, já que, em condições normais, o volume poderia chegar a 4,2 milhões de toneladas.

As perdas se concentram em regiões com pouca representatividade na produção, como Sudoeste e Oeste. “Como se trata de uma safra pequena, a quebra não tende a ser representativa, até porque a estimativa nacional de produção de milho nesta safra é bastante positiva. Apesar de possíveis perdas, podemos ter recomposição”, diz o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio.

Segundo ele, neste período 10% das lavouras apresentam condições ruins, enquanto que 27% têm condições médias e 63% estão em boas condições. Em relação às fases, 41% estão em floração, 40% em frutificação, 16% em desenvolvimento vegetativo e 3% em maturação.

Os produtores de milho receberam, na última semana, em média, R$ 79,94 pela saca de 60 kg, valor considerado satisfatório para cobrir os custos de produção.

milho boletim pecuário paranpa Plantio de milho. (Foto: Jaelson Lucas / AEN)

A primeira estimativa do Deral aponta para um avanço de 2% (2,6 mil hectares) na área plantada do milho da segunda safra, em relação ao ciclo 20/21, chegando a 2,56 milhões de hectares. Com a produção total podendo superar 15 milhões de toneladas, as perdas de 60% registradas na safra anterior devem ser recompostas.

O plantio da primeira safra de feijão está encerrado no Paraná, e 11% da área estimada em 139,5 mil hectares foram colhidos até o momento. O volume de produção deve chegar a 247,4 mil toneladas, redução de 10% com relação à estimativa inicial, que era de 275,8 mil toneladas, e de 4% com relação ao volume da safra 20/21.

O clima adverso das últimas semanas reduziu o percentual de lavouras em boas condições. Atualmente, 59% da área plantada apresentam boas condições, 35% têm condições médias e 6% condições ruins.

Aproximadamente 2% do feijão desta safra já foram comercializados. Na semana de 13 a 17 de dezembro, os produtores receberam, em média, R$ 238,88 pela saca de 60 kg de feijão tipo cores – 3,5% a mais do que na semana anterior -, e R$ 229,27 pelo feijão tipo preto – aumento de 0,4% em relação à semana anterior.

De acordo com o agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador, as festas de final de ano e o período de férias tendem a reduzir a demanda pelo produto, influenciando uma baixa nos preços.

EXPECTATIVA PARA A COLHEITA DE FEIJÃO E MANDIOCA NO PARANÁ

A primeira estimativa da segunda safra indica uma redução de 2% na área plantada na comparação com a safra anterior, passando de 272,3 mil hectares para 267,35 mil hectares no ciclo 21/22. Por outro lado, a produção pode ter um crescimento de 83% e somar 523 mil toneladas, ante 286 mil toneladas colhidas na safra passada.

O relatório do Deral aponta, ainda, que devem ser produzidas 2,97 milhões de toneladas de mandioca na safra 21/22, em uma área de 130,8 mil hectares. Se confirmadas, as estimativas indicam redução de 2% na área e de 3% no volume comparativamente ao ciclo 20/21.

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