Agronegócio
ONU destaca agricultura familiar e sustentável no Paraná

ONU destaca agricultura familiar e sustentável no Paraná

Publicação elaborada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) foi lançada nesta terça-feira (14), em Curitiba

Ana Flavia Silva - terça-feira, 14 de fevereiro de 2023 - 16:16

A agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável no campo no Paraná são destaques de uma publicação elaborada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), lançada nesta terça-feira (14), no Palácio Iguaçu, em Curitiba.

O trabalho faz parte de um acordo de cooperação firmado entre o órgão internacional, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e o Instituto de Desenvolvimento do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná). A FAO, que é uma agência especializada na erradicação da fome, há 10 anos tem o escritório de representação na Região Sul instalado no prédio da Seab.

Com 60 páginas, a publicação é intitulada “Fortalecimento da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável – Cooperativismo, Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e Pesquisa Agropecuária e Ater Digital pós-Covid-19”. Além da versão original, em português, o material foi traduzido para o inglês, espanhol e francês. Agora, o documento passa a compor o acervo internacional da FAO, podendo servir de exemplo a ser replicado por outros países.

O representante da FAO no Brasil, o mexicano Rafael Zavala, afirma que a publicação demonstra a vocação do Estado para a produção agrícola sustentável. “É uma evidência de que o Paraná é um laboratório de políticas públicas para a agricultura familiar e o cooperativismo. A experiência paranaense bem-sucedida é um exemplo para todo o Brasil e o mundo”, disse.

ESTUDO DA ONU

O estudo é dividido em três grandes temas. O primeiro é sobre o papel do cooperativismo na agricultura familiar do Paraná, sua relevância, gargalos e potencialidades. Nesse recorte, a publicação deu destaque ao Programa Estadual de Apoio ao Cooperativismo da Agricultura Familiar (Coopera Paraná). Existem 170 cooperativas da agricultura familiar que comercializam mais de R$ 500 milhões em vendas nos mercados institucionais e privados, beneficiando mais de 30.000 famílias que são associadas.

Os agricultores familiares respondem por uma fatia significativa da produção agropecuária paranaense. Em alguns casos, eles representam mais de 50% da produção e mantêm relações estreitas com os segmentos industrial e de serviços.

A segunda parte do estudo faz uma análise do processo de fusão entre as empresas públicas de assistência técnica e extensão rural e pesquisa agropecuária, atualmente concentradas no IDR-Paraná. Por fim, há uma análise sobre as inovações na Assistência Técnica e Extensão Rural, com digitalização dos serviços prestados aos agricultores no cenário pós-pandêmico. A utilização da internet abre uma série de novas possibilidades para os produtores: troca de informações técnicas de produção, acesso à informação e formação continuada a distância.

PARANÁ PODE SER EXEMPLO

Um dos organizadores da publicação é o PhD do IDR-Paraná, Hur Ben Corrêa da Silva. Para ele, o material é uma síntese dos resultados obtidos na parceria entre o Governo do Estado e a FAO. Ele acredita, ainda, que a publicação pode ser usada para aperfeiçoamento de programas como o Coopera Paraná, a assistência técnica rural e a própria estrutura do IDR-Paraná.

“É um estudo baseado na realidade paranaense, a partir da análise de 178 cooperativas que participam do Coopera Paraná, e que pode ajudar a melhorar a aplicação dos investimentos no setor e a eficiência destas organizações”, comentou. “No caso da análise do IDR-Paraná, é um estudo precioso para ajudar a entender a dinâmica entre extensionistas e pesquisadores, que apesar de terem funções bem diferentes trabalham com o mesmo público e precisam atuar de forma integrada”.

Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Noberto Ortigara, a publicação da FAO é importante para que a experiência usada aqui possa ser replicada em outros lugares do mundo que ainda sofrem com a escassez de alimentos. “É um trabalho de publicação periódica, que tem o desafio de conhecer as boas experiências do Paraná e traduzi-las em uma linguagem que o mundo todo entenda”, disse.

Para Ratinho Junior, o modelo de produção agrícola predominantemente através de pequenos produtores, unidos em cooperativas, é um dos fatores que determina o sucesso do Paraná no cenário nacional e internacional. “A agricultura familiar é a essência da produção paranaense, que com o cooperativismo consegue gerar e distribuir mais riquezas, reduzindo as desigualdades. Temos o maior programa de merendas do País, em que 40% dos alimentos são comprados de pequenos produtores”, complementou.

 

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