Agronegócio
Experimento aumenta produtividade de abóbora no Paraná

Experimento aumenta produtividade de abóbora no Paraná

Experimento no Oeste apresenta resultados 50% acima da média em produção de abóboras e contribui para a segurança alimentar da região

Redação - terça-feira, 22 de março de 2022 - 11:48

Um experimento de campo resultou no aumento da produtividade de abóbora em Santa Tereza do Oeste, na região de Cascavel. O projeto para avaliação do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) teve como resultado uma produtividade média de 60 toneladas por hectare, superior a média na região, de 40 toneladas por hectare.

O principal objetivo do experimento coordenado pela pesquisadora Josiane Bürkner dos Santos foi introduzir e difundir o SPDH nas regiões Oeste e Noroeste do Paraná.

Foi plantado um hectare do fruto, dividido em 36 parcelas, com duas variedades de abóbora, a cabotiá e a moranga. Isso foi feito porque a abóbora cabotiá é um híbrido e suas flores não são autofecundáveis, necessitando da moranga para que haja o cruzamento e produção de frutos. O plantio das sementes ocorreu na primeira semana de novembro e a colheita no início de março. A produtividade média das parcelas chegou a 60 toneladas por hectare, enquanto a média na região é de 40 toneladas por hectare.

De acordo com Josiane, com o experimento foi possível analisar vários aspectos como as melhores coberturas de inverno e verão e as plantas mais indicadas para a rotação de culturas. A pesquisadora observou que no Polo de Pesquisa o plantio de abóbora se desenvolveu bem. “Onde havia trigo mourisco, usado como cobertura, o cultivo se desenvolveu de forma mais saudável, com menor incidência de oídio, em comparação às parcelas sem essa cultura. As coberturas de solo foram auxiliares no cultivo e resultaram em maior produção e frutos com mais qualidade”, destacou.

De acordo com pesquisadores, o SPDH deve seguir três princípios básicos:

  • o não revolvimento do solo;
  • a rotação de culturas, com a diversificação de espécies comerciais e de cobertura;
  • a cobertura permanente do solo, tanto de plantas vivas quanto de resíduos culturais.

Dentre os benefícios dessa prática estão a redução das perdas por erosão das chuvas em torno de 90%, perdendo assim também menos nutrientes do solo (adubos, nitrogênio, fósforo e potássio), menores perdas de água por evaporação, lixiviação e consequente economia de água, principalmente das culturas irrigadas, em até 30%.

Outras vantagens são a diminuição dos custos na mecanização em até 75% e o controle de plantas espontâneas, diminuindo o número de capinas. A presença da palhada também reduz os extremos de temperatura em até 10ºC na superfície do solo.

O SPDH aumenta os teores de matéria orgânica e a ação biológica de minhocas e outros organismos. O sistema ainda contribui para uma menor dispersão de doenças. Tem-se observado que, em função da preservação do solo, pelo maior retorno de resíduos orgânicos, o SPDH permite uma maior recuperação da qualidade do solo. Com isso, o nível de necessidade de reposição de nutrientes é menor, minimizando os custos de adubação, sem prejuízo da produtividade das lavouras.

AGROECOLOGIA

A partir do experimento de Santa Tereza do Oeste foi possível verificar que as áreas cultivadas neste sistema apresentaram menores perdas causadas por geadas ou estiagem. A pesquisadora que conduziu o experimente informou, também, que o cultivo foi feito com o mínimo de insumos e sempre usando controles agroecológicos ou, até mesmo, orgânicos.

“Somente em último caso o agroquímico foi usado para o controle de pragas e doenças. Além disso, foram usados adubos orgânicos e químicos, seguindo estritamente os indicadores da análise de solo, sem excesso de nutrientes”, explicou Josiane.

“O custo com insumos foi reduzido e conseguimos uma produção 50% maior que a média da região, apenas com a adubação conforme a análise química. Os agroquímicos foram aplicados somente quando as pragas e doenças ofereciam risco de danos à lavoura, o que reduziu o seu uso. Normalmente o produtor calendariza a aplicação de fungicidas, inseticidas e adubos, o que não é economicamente viável, principalmente na nossa realidade atual”, disse.

DOAÇÃO DE ALIMENTOS

A partir do incremento na produtividade das abóboras no Oeste e Noroeste paranaenses, o Polo de Pesquisa e Inovação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) de Santa Tereza do Oeste doou 500 quilos de abóbora para o programa Banco de Alimentos da Ceasa Paraná.

O programa garante o acesso a alimentos de qualidade à população em situação de insegurança alimentar e nutricional.

Uma outra parte da colheita foi destinada aos restaurantes do IDR-Paraná de Ponta Grossa, Londrina, Pato Branco e Santa Tereza do Oeste. Apenas algumas abóboras ficaram no Polo para a análise de qualidade do pós-colheita dos frutos.

Esta ação está em acordo com a missão do Instituto, que pretende prestar serviço integrado de pesquisa, experimentação agrícola e extensão para a expansão da produção de base de agroecológica na produção de alimentos com alta qualidade e sustentabilidade ambiental. Além disso, a iniciativa atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

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