Agronegócio
Denúncias de descarte clandestino de dejetos da suinocultura crescem 60%

Denúncias de descarte clandestino de dejetos da suinocultura crescem 60%

O índice saiu de 46 para 73 casos denunciados. Em 2023, só nos primeiros seis meses do ano já foram registradas 56 reclamações

Redação - segunda-feira, 17 de julho de 2023 - 19:16

O número de denúncias sobre descarte clandestino de dejetos da suinocultura cresceu 60% em 2022, em relação ao ano anterior. O índice saiu de 46 para 73 casos denunciados. Em 2023, só nos primeiros seis meses do ano já foram registradas 56 reclamações. As denúncias são principalmente sobre o lançamento de materiais nas Bacias do Rio Piquiri, Paraná II e Paraná III, na região Oeste do Paraná.

A prática é considerada crime ambiental pela Lei Federal 9.605/98. Isso porque os dejetos podem causar um desequilíbrio ambiental e levar peixes e outros animais à morte. O problema pode alcançar também os humanos, gerando prejuízos à saúde, especialmente no caso de mananciais utilizados para abastecimento água. 

O Instituto Água e Terra (IAT) promete fortalecer o trabalho de fiscalização. As multas, segundo o IAT, variam de R$ 5 mil até R$ 50 milhões, dependendo da intensidade da ocorrência. Desde 2019, o órgão ambiental aplicou R$ 974 mil em multas a produtores da região.

“Ninguém tem o direito de poluir os recursos hídricos, uma vez que a água e a biodiversidade são patrimônios de todos”, destaca a gerente de Licenciamento do IAT, Ivonete Coelho da Silva Chaves. Ela reforça o pedido para que a população ajude a identificar os infratores, fazendo a denúncia aos escritórios regionais do IAT, com registros em fotos e vídeos dos lançamentos ilegais – são 21 unidades no Estado, três delas no Oeste (Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu).

MILHÕES DE LITROS DE DEJETOS

Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a suinocultura na área de atuação da regional de Toledo, que compreende 20 municípios, gera por dia 28,81 milhões de litros de dejetos. “Nós precisamos atuar em flagrante, por isso as denúncias da população são fundamentais”, afirma Luiz Henrique Fiorucci, chefe do escritório regional do IAT em Toledo.

Segundo ele, em dias chuvosos o descarte clandestino se intensifica, o que já foi mapeado pela fiscalização. “Despejam de madrugada. Há concentração de esterco, mau cheiro, acúmulo de vetores, a água fica turva e poluída”, acrescentou.

Fiorucci explica que a grande problemática no descarte inapropriado de dejetos está na alta concentração de fósforo e nitrogênio, elementos químicos presentes no esterco suíno que quando despejados sem tratamento estimulam a proliferação de algas, e estas por sua vez consomem o oxigênio, inviabilizando respiração de peixes e de outras espécies aquáticas. “Em alguns casos é possível identificar a mortandade de peixes e de outros animais porque a água fica sem oxigênio”.

DENÚNCIAS 

Denúncias podem ser feitas pela Ouvidoria do IAT ou nos escritórios regionais dos municípios mais próximos. Para falar diretamente com o Escritório Regional de Toledo, pode mandar mensagens para o número (41) 99554-1160. Também estão disponíveis ao público os telefones (41) 3213-3466 e (41) 3213-3873 ou 0800-643-0304.

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