Agronegócio
Curitiba participa de estudo que aponta caminhos para reduzir desperdício de alimentos

Curitiba participa de estudo que aponta caminhos para reduzir desperdício de alimentos

O envolvimento de diferentes secretarias municipais e participação da sociedade civil, foi visto como relevante para o sucesso da agenda

Mirian Villa - quarta-feira, 27 de setembro de 2023 - 10:20

Curitiba foi selecionada para participar de um estudo que aponta caminhos para reduzir a fome e o desperdício de alimentos da Embrapa. Além da capital paranaense, outras quatro cidades foram selecionadas para participar do projeto: Maricá (RJ), Recife (PE), Rio Branco (AC) e Santarém (PA). 

O critério em comum entre os cinco municípios é que todas participam do programa Luppa (Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares). Nesses locais, foram realizadas entrevistas e coleta de dados com as respectivas prefeituras, e visitas técnicas aos equipamentos públicos e espaços de atuação de políticas alimentares.

Além disso, em Curitiba, Recife e Rio Branco foi feita análise dos resíduos orgânicos de feiras livres das cidades, por meio de gravimetria (análise do que pode ser considerado desperdício de alimento evitável), a fim de quantificar o desperdício de alimentos. 

O projeto também possibilitou que representantes das cinco cidades brasileiras participassem de uma missão técnica para conhecer programas e políticas de alimentação urbana implementadas em cinco cidades da União Europeia: Valência e Barcelona (Espanha); Turim e Milão (Itália); e Gante (Bélgica). Em Bruxelas, a comitiva interagiu com representantes da Comissão Europeia.

A proposta chegou a conclusão que agenda de sistemas alimentares varia de cidade a cidade; que cabe a cada município dar continuidade ao combate ao desperdício de alimentos, garantindo a qualidade de vida; que a implementação de programas e políticas públicas demanda gestores técnicos com capacitação; e que recursos orçamentários definidos é extremamente importante. 

O envolvimento de diferentes secretarias municipais e arranjos com a participação da sociedade civil, diferentes níveis de governo, universidades e setor produtivo é visto como relevante para o sucesso da agenda alimentar urbana.

Varejo social de alimentos

Curitiba foi citada como um exemplo de como o poder público pode ser um facilitador do chamado ‘varejo social de alimentos’. Nesse caso, a gestão é feita por parcerias público-privadas, cada qual com um modelo de gestão alinhado ao perfil e potencialidades do município. 

Mas o ideal, segundo o relatório, é a adoção de uma agenda tripartite de responsabilidade, ou seja, relação e coordenação com os níveis de governo estadual e federal e compartilhamento de dados, especialmente os do Sisan, SUS, Suas, Censo Escolar e outros.

“O bom diálogo e a coordenação com os níveis estaduais e federal de governos garante agilidade e avanço nas ações locais. A gestão ou coordenação eficiente de dados que permitam tanto a boa elaboração quanto a eficaz avaliação das políticas alimentares locais é um aspecto muito relevante”, diz um trecho do relatório.

Feiras livres

A capital paranaense também chamou a atenção da equipe do projeto com as normativas estabelecidas para a comercialização de proteína animal em feiras e mercados públicos exclusivamente em gôndolas refrigeradas.

“As feiras livres de cidades como Curitiba e Recife geram, por ano, centenas de toneladas de resíduos orgânicos. Dado que parte dos resíduos pode ser considerada como desperdício de alimentos evitável, a implementação de ‘colheitas urbanas’ pode ser uma alternativa para evitar o descarte desnecessário de alimentos ainda seguros para consumo”, aponta o texto.

Gravimetria dos resíduos em Curitiba

A gravimetria dos resíduos foi realizada em quatro feiras livres de Curitiba (Bigorrilho, Ahú, Jardim das Américas  e Alto da Glória). De acordo com o relatório, os resíduos inevitáveis são os mais presentes, principalmente o coco, que representa quase 35% do total de resíduos.

Quanto aos resíduos evitáveis, registrou-se presença considerável de tomate e laranja, que foram os alimentos mais frequentes encontrados em todas as feiras. Considerando as 180 barracas das feiras contempladas no estudo, foram coletados em média 16,4 kg/barraca, sendo 2,9 kg/barraca de resíduos evitáveis e 9,7 kg/barraca de resíduos inevitáveis. 

A geração anual total de resíduos para feiras livres na cidade de Curitiba foi estimada em 869 toneladas. “Para Curitiba, há oportunidade de ampliar a compostagem dos resíduos das feiras para uso nas hortas urbanas”, diz o estudo.

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