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Secretários de Saúde pedem todas as vacinas contra Covid no plano do governo federal

Secretários de Saúde pedem todas as vacinas contra Covid no plano do governo federal

Os conselhos de secretários de Saúde de estados e municípios, respectivamente Conass e Conasems, divulgaram nota conjunt..

Renato Machado - Folhapress - sábado, 5 de dezembro de 2020 - 19:03

Os conselhos de secretários de Saúde de estados e municípios, respectivamente Conass e Conasems, divulgaram nota conjunta na tarde deste sábado (5) na qual solicitam que todas as vacinas seguras e eficazes contra a Covid-19 sejam incorporadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações).

A nota também pede que todas as discussões a respeito da vacina sejam centradas no Ministério da Saúde e afirma ser preocupante o fato de que diferentes estados estejam seguindo seus próprios caminhos. Também se pede que as decisões “não sejam pautadas por questões alheias aos interesses do país”.

O documento foi assinado pelos presidentes do Conass, Carlos Lula, e do Conasems, Wilames Freire Bezerra. O texto afirma que todas as imunizações reconhecidamente eficazes e seguras devem ser incorporadas ao programa de imunizações, considerando o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus e a consequente redução das opções de vacinas.

“O recrudescimento da pandemia da Covid-19, no mundo e no Brasil, aponta para um cenário de insuficiência de doses para a vacinação de todas as populações, fazendo com que restrições ao número de fornecedores causem atrasos no acesso à vacina para grupos prioritários de risco”, afirma a nota.

“É urgente que os processos de avaliação para o uso emergencial de vacinas contra a Covid-19, a logística de aquisição de insumos, o sistema de informações, a definição das estratégias de monitoramento e avaliação da campanha e, principalmente, a aquisição das vacinas estejam sob a coordenação do Ministério da Saúde, responsável pelo PNI, como medida para garantir a equidade entre os entes subnacionais”, dizem os conselhos no texto.

“A falta da coordenação nacional, a eventual adoção de diferentes cronogramas e grupos prioritários para a vacinação nos diversos estados são preocupantes, pois gerariam iniquidade entre os cidadãos das unidades da federação, além de dificultar as ações nacionais de comunicação e a organização da farmacovigilância, que será fundamental com uma nova vacina”, afirma o texto.

“A sociedade brasileira exige que as decisões sobre a vacinação contra a Covid-19 não sejam pautadas por questões alheias aos interesses do país”.

Essa não foi a primeira nota em defesa da incorporação das vacinas ao PNI. A anterior havia sido em outubro, quando a vacina passou para o centro da discussão política, principalmente entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador paulista, João Doria (PSDB).

O Conass, em particular, divulgou texto no qual afirmou que o interesse público das vacinas estava ligado à eficácia e segurança, e não à origem ou nacionalidade. Bolsonaristas -e o próprio presidente- passaram na época a atacar a vacina chinesa, a Coronavac.

O texto afirmava que a disponibilidade da oferta de uma vacina deveria ser orientada por premissas técnicas e que “nenhuma convicção pessoal pode sobrepor-se à ciência”.

A manifestação mais recente dos dois conselhos de secretários de Saúde acontece no momento em que alguns países, como o Reino Unido e a Rússia, iniciam seus programas de vacinação contra a Covid-19.

Na mesma semana, o governo brasileiro anunciou um programa de vacinação, com começo previsto apenas para março. Inicialmente, cerca de 15 milhões de pessoas devem receber uma imunização, restrita nesse primeiro momento a indígenas, idosos com mais de 75 anos e profissionais da área de saúde.

Também nesta semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou que vai começar a aceitar pedidos para autorizações de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19.

Em uma frente totalmente à parte do governo brasileiro, Doria anunciou que a vacinação no estado de São Paulo começa em janeiro, usando a vacina Coronavac -parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac.

O governo brasileiro vem afirmando que só vai adquirir novas vacinas contra a Covid-19 após registro na Anvisa. O Ministério da Saúde mantém sua aposta no imunizante desenvolvido pela empresa AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.

Recentemente, no entanto, os estudos clínicos dessa vacina sofreram reveses, que podem atrasar a obtenção do registro.

Na prática, o governo brasileiro apostou em poucas vacinas e o país pode estar ficando para trás na corrida das vacinas contra a Covid-19, e a população corre o risco de ficar sem os imunizantes por mais tempo ou ter acesso apenas àqueles não tão bons.

A Pfizer –cuja vacina, desenvolvida em parceria com a alemão BioNTech, será usada na vacinação no Reino Unido, o primeiro país do ocidente a conceder registro para uma imunização contra a Covid-19– já vendeu quase 60 milhões de doses na América Latina. A empresa vem afirmando que o prazo do Brasil pode estar se esgotando.

Em comunicado, a empresa diz que o número de doses disponíveis para distribuição vem diminuindo consideravelmente por conta do interesse global em relação à vacina. A empresa afirma que a capacidade produtiva é de 50 milhões de doses ainda em 2020 e 1,3 bilhão de unidades durante o ano de 2021.

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