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Pequeno Príncipe atendeu 745 casos de violência infantil em 2023
Wynitow Butenas/Hospital Pequeno Príncipe

Pequeno Príncipe atendeu 745 casos de violência infantil em 2023

Mais de 70% das agressões foram praticadas por familiares e conhecidos da criança

Mirian Villa - quarta-feira, 15 de maio de 2024 - 12:30

No ano passado, 745 crianças e adolescentes foram atendidas no Hospital Pequeno Príncipe por suspeita de abusos e maus-tratos. A violência sexual lidera o ranking com 435 casos, dos quais 231 eram meninas. Na sequência, aparecem os casos de negligência, com 179 ocorrências; violência física, com 92 notificações; e autolesão, com 69 casos.

Do total de registros, 68,7% eram do sexo feminino; 32,8% tinham até três anos; e 70,4% estavam na Primeira Infância, período que vai desde o nascimento até os seis anos. Em relação à natureza da agressão, 73,5% delas foram domésticas, ou seja, o crime foi praticado por pessoas do vínculo familiar da criança ou adolescente.

Em 67% dos casos identificáveis, o agressor era do sexo masculino. A coordenadora do serviço social da instituição, Rosane Moura Brasil, detalha que 2023 foi reconhecido como o período com maior número de notificações por suspeita de violência. “O hospital teve o maior número da história, desde quando a gente faz o atendimento com a rede de proteção, em 2002, que a gente teve de notificações obrigatórias enviadas ao Conselho Tutelar por suspeita de violência.”

De 2022 para 2023, o aumento nas notificações do hospital foi de 14%. No último ano, a menor vítima tinha 6 dias de vida. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a violência infantil representa um dos maiores problemas de saúde pública e pode atingir, segundo estimativas, até um bilhão de vítimas anualmente em todo o mundo.

Para proteger o futuro das crianças e adolescentes, é preciso que a população conheça os sinais da violação de direitos, como explica a psicóloga da instituição, Marianne Bonilha. “Essas mudanças podem aparecer de uma forma mais aguda, mas também mudanças que vão acontecendo em um tempo maior. Alguns traços que os pacientes apresentam é uma irritabilidade maior, ficar mais triste, uma criança que era tranquila passar a ficar mais agressiva, pode ter uma diminuição de apetite, alteração de sono.”

Outra forma de garantir os direitos das crianças e adolescentes é por meio da denúncia. Conhecer e entender os conceitos das violências é fundamental para diminuir os casos de agressões. “A gente precisa tirar o abusador da sombra, a gente precisa que ele venha a luz e a gente consiga identificar quem ele é, porque ele não vai fazer isso só com uma criança, ele vai fazer com várias crianças. É muito importante que a denúncia seja feita para que os casos sejam investigados”, finaliza Rosane.

É possível denunciar de forma anônima e gratuita pelos telefones 156, da Prefeitura de Curitiba, 181, o Disque-Denúncia do Paraná, ou pelo 100, Disque-Denúncia nacional. 

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