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Jogadoras do Tijuca denunciam caso de racismo em jogo em Curitiba
Divulgação/FPV

Jogadoras do Tijuca denunciam caso de racismo em jogo em Curitiba

Curitiba Vôlei procura por imagens que possam identificar o ato

Pedro Melo - sábado, 27 de janeiro de 2024 - 11:40

As centrais Dani Suco e Camilly, e a levantadora Thaís, do Tijuca Vôlei Clube, denunciaram caso de racismo durante a partida contra o Curitiba Vôlei, na noite da última sexta-feira (26), no Ginásio do Círculo Militar. Através de relato nas redes sociais, Dani Suco revelou que torcedores fizeram barulhos de macaco durante o segundo set.

“Nós ganhamos um rally, eu fui para o saque. No momento que estava batendo a bola, escutei em alto e bom som muitas pessoas fazendo barulhos de macaco. Imediamente eu não acreditei, olhei para trás, vi que eram muitas pessoas, mas não consegui identificar ninguém. Quando eu saí da quadra, perguntei para as meninas e elas também escutaram. Relatei para a juíz, falei com o delegado, e eles falaram que iriam tentar identificar. Nada foi feito, mas eu queria fazer um resumo do que de fato significa ouvir insultos racistas. Essas pessoas tiram nossa humanidade, como se não tivessemos alma e fossemos animais. Isso é inadmíssivel”, desabafou a central.

O Tijuca, através das redes sociais, repudiou o caso de racismo em Curitiba. “O Vôlei TTC manifesta, publicamente, repúdio a quaisquer formas de discriminação e de preconceito racial. O racismo, em pleno século XXI, é inaceitável e deve ser firmemente combatido. Toda solidariedade as nossas atletas”.

A reportagem do Paraná Portal procurou o Curitiba Vôlei, mandante do jogo, a Federação Paranaense de Vôlei (FPV), e a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Através de nota enviada, o Curitiba afirmou que procura as imagens que possam identificar o momento exato do ato de racismo. “Até o momento, não se pôde constatar, seja pelas imagens ou áudio da partida, a ocorrência do alegado. O Clube informa, ainda, que seguirá apurando a situação e, caso consiga efetivamente identificar a ocorrência de atos ofensivos, os levará imediatamente às autoridades competentes e voltará a se manifestar”

O presidente da FPV, Jandrey Vicentin, destacou que a Federação e o Curitiba Vôlei conversam para fazer um ato em apoio as jogadores do Tijuca. “A Federação repudia qualquer ato de racismo e descriminação. Estamos combinando com a Gisele para fazer um ato de apoio a Dani e conscientização da torcida. Queremos tentar direcionar a torcida o apoio a própria torcida, não a torcida adversária”, comentou.

“O delegado ficou olhando ali próximo, mas não conseguiu identificar posteriormente qualquer manifestação. Damos total apoio a Dani e qualquer atleta que sofre insulto de qualquer natureza. Não compactuamos”, acrescentou o presidente da FPV.

Já a CBV informou que não tem poder para punir o torcedor ou o Curitiba Vôlei. “Como a CBV não tem pode punitivo e nem de polícia, está fazendo o levantamento do material comprobatório – imagens do jogo, súmula, relatório do delegado da partida e manifestações de atletas e clubes envolvidos. Este material será encaminhado aos órgãos competentes (principalmente Ministério Público, autoridade policial, STJD e Comitê de Ética), para que sejam tomadas todas as medidas cabíveis no âmbito esportivo e perante o poder público e demais instâncias”.

A NOTA COMPLETA DO CURITIBA VÔLEI

Através da presente nota, o Curitiba Vôlei vem a público informar que está ciente quanto às alegações dos fatos supostamente ocorridos na partida desta sexta-feira. Até o momento, não se pôde constatar, seja pelas imagens ou áudio da partida, a ocorrência do alegado.

O Clube informa, ainda, que seguirá apurando a situação e, caso consiga efetivamente identificar a ocorrência de atos ofensivos, os levará imediatamente às autoridades competentes e voltará a se manifestar.

Por fim, o Curitiba Vôlei salienta o seu repúdio a quaisquer atos de intolerância e preconceito, reafirmando o seu compromisso com o respeito ao próximo e, sobretudo, com a verdade.

NOTA DA CBV

A Confederação Brasileira de Voleibol repudia e não admite qualquer tipo de preconceito ou ato discriminatório, e entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, a tolerância e a igualdade. Como a CBV não tem pode punitivo e nem de polícia, está fazendo o levantamento do material comprobatório – imagens do jogo, súmula, relatório do delegado da partida e manifestações de atletas e clubes envolvidos. Este material será encaminhado aos órgãos competentes (principalmente Ministério Público, autoridade policial, STJD e Comitê de Ética), para que sejam tomadas todas as medidas cabíveis no âmbito esportivo e perante o poder público e demais instâncias. A CBV acompanhará os desdobramentos do caso e não medirá esforços para que todos os responsáveis sejam identificados e punidos.

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