Economia
Petrobras diz que cenário de preços dos combustíveis é incerto
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Petrobras diz que cenário de preços dos combustíveis é incerto

Com a alta recente dos combustíveis no mercado internacional, estatal vem praticando valores abaixo das cotações

Nicola Pamplona - Folhapress - segunda-feira, 31 de julho de 2023 - 20:00

As cotações internacionais do petróleo fecharam julho nos maiores patamares desde abril, mas a Petrobras afirmou nesta segunda-feira (31) que ainda vê grande incerteza em relação ao comportamento do mercado e não vai repassar volatilidades ao mercado interno.

O contrato para setembro do petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, fechou o pregão desta segunda a US$ 85,43 por barril, acumulando alta de 13% em junho, diante de sinais de aperto na oferta e crescimento na demanda até o fim do ano.

Para analistas o mercado seguirá pressionado pelos cortes de produção em grandes exportadores. “Ninguém duvida que a Opep+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] manterá esse mercado apertado”, disse à agência Reuters Edward Moya, analista da OANDA.

O cenário indica que as defasagens nos preços internos dos combustíveis permanecerão elevadas no país, em um teste para a nova política comercial da Petrobras, implantada pela gestão petista no dia 16 de maio.

Na abertura do pregão desta segunda, a gasolina da Petrobras estava R$ 0,78 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Considerando refinarias privadas, a defasagem média da gasolina era de R$ 0,68 por litro.

No caso do diesel, a diferença nas refinarias da estatal era ainda maior, de R$ 0,83 por litro —a média nacional é R$ 0,75. Desde a mudança na política comercial, a Petrobras vende combustíveis abaixo dessa referência, mas os valores dispararam nos últimos dias.

Em comunicado divulgado nesta segunda, a estatal diz que “tem observado com atenção os desdobramentos do mercado internacional de petróleo e seu impacto sobre o mercado brasileiro”, mas reforçou que não repassará volatilidades aos preços internos.

“O momento é de grande incerteza quanto à recuperação da economia global, o que influencia diretamente a demanda por energia, e quanto à oferta de petróleo e de combustíveis, de uma maneira geral”, afirma.

“Essa combinação, no curtíssimo prazo, levou a uma elevação dos preços de referência e da volatilidade”, continua, ponderando que, por outro lado, há um crescimento no fluxo de combustíveis da Rússia para o Brasil. Mais barato, o produto russo tem pressionado para baixo os preços internos.

A nova política comercial da Petrobras considera a paridade de importação como uma espécie de teto para os preços internos, cujo cálculo considera também o custo de produção e as alternativas para o cliente.

Especialistas vêm alertando, porém, que preços muito baixos geram distorções no mercado, com eventuais prejuízos para a estatal e produtores de etanol, como ocorreu no governo Dilma Rousseff.

No segundo trimestre de 2023, por exemplo, a Petrobras registrou o melhor volume de vendas de gasolina em seis anos, diante da melhor competitividade em relação ao etanol. Para abastecer seus clientes, teve que ampliar as importações do produto.

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