Economia
Indústria do Paraná recupera dinamismo em agosto de 2020, aponta IBGE

Indústria do Paraná recupera dinamismo em agosto de 2020, aponta IBGE

Uma pesquisa mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre os indicadores industriais do Paraná..

Redação - sexta-feira, 9 de outubro de 2020 - 11:58

Uma pesquisa mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre os indicadores industriais do Paraná em agostou mostrou uma recuperação no ritmo de crescimento em agosto.

O estudo, publicado nesta quinta-feira (8), revelou que houve crescimento de 2,9% frente a julho. Na comparação com agosto de 2019, a queda é de 7,6%, assim como o resultado acumulado de janeiro a agosto, que ficou em –8,5%.

Os resultados são melhores quando comparados com os os dados do mês anterior, quando a produção industrial caiu 9,1%, frente a julho de 2019, e no acumulado dos sete primeiros meses o recuo foi de 8,7%. O estado acompanhou a tendência nacional, que também registrou retração de 2,7% e 8,6%, respectivamente.

O economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, avalia que há evolução no setor. “Desde maio, mês a mês a indústria vem diminuindo as perdas na atividade produtiva, indicando que o estado está em uma trajetória de recuperação da produção industrial”, afirma.

De acordo com ele, apesar dos recuos, houve reversão na tendência de queda em relação a julho, quando foi registrada queda de 0,3% no mês, e perdas mais acentuadas no acumulado do ano (-8,6%) e no comparativo com julho de 2019 (-9,1%). O resultado geral do estado foi puxado principalmente pelo desempenho do setor automotivo, que registrou queda de 45,4% em relação a agosto de 2019, e que desde janeiro acumula perdas de 42,8%.

Máquinas e equipamentos também recuaram -34% e -34,8%, respectivamente nos dois períodos. Papel e celulose reduziu -12,9% frente a agosto do ano passado, assim como produtos químicos (-10,8%). Madeira (-10,1%) e produtos químicos (-8,6%), completam a lista dos segmentos com maiores perdas no ano.

Para o economista, o resultado é reflexo das interrupções ocorridas na indústria no início da pandemia. “Com as medidas de isolamento, alguns setores tiveram as atividades totalmente paralisadas e toda a cadeia foi afetada. No setor automotivo, por exemplo, as vendas caíram drasticamente entre março e maio e o dinamismo do mercado, mesmo depois de quatro meses de retomada, ainda não é suficiente para aumentar a demanda de produção nas fábricas”, justifica.

Produtos de maior valor agregado, como máquinas e equipamentos, também são afetados porque dependem de um maior investimento. “No período em que os recursos estão mais escassos, o empresário segura os gastos até que a economia dê sinais mais expressivos de dinamismo e recuperação”, completa Felippe.

Outro fator que pode ter influenciado o menor crescimento da indústria no estado, segundo o economista, é a percepção de escassez de matéria-prima. Alguns setores como de embalagens, construção civil, têxtil e moveleiro têm enfrentado dificuldades na compra de insumos para produção.

“Já há registros de falta de aço, alumínio, inox, embalagens plásticas, resinas, produtos químicos, papel e celulose, tubos de metal, papelão, caixas e embalagens plásticas, o que justifica em parte a queda no ritmo da atividade produtiva”, reforça.

“A redução na demanda no início da pandemia provocou ajuste na produção. Assim, houve redução nos estoques de matéria-prima na indústria. Após a retomada da atividade econômica, nota-se um descompasso entre oferta e demanda, ou seja, não há insumo suficiente, gerando dificuldade na produção e impedindo uma recuperação mais acelerada no setor industrial”, completa.

Além disso, a forte retomada da economia chinesa, que se recuperou antes da crise do que os demais países, causou uma escassez mundial de insumos. “Some-se a isso a desvalorização cambial, que tornou a importação de matéria-prima ainda mais elevada no Brasil”, completa.

O destaque positivo, ou seja, quem vem segurando a produção do estado, é o setor de alimentos, com crescimento de 15,8% e de 8,3%, frente a igual mês de 2019 e de janeiro a agosto, respectivamente.

Na comparação com agosto do ano anterior, merecem destaque ainda o setor moveleiro (27,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (13,5%), bebidas (13,4%) e madeira (11,9%). Já na soma dos meses, de janeiro a agosto, além de alimentos, as maiores altas acumuladas são em petróleo (5,4%), fabricação de produtos de metal (4%) e máquinas aparelhos e materiais elétricos (2,4%).

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