Economia
Dilma diz que taxa de juros do Banco Central condena Brasil a uma depressão

Dilma diz que taxa de juros do Banco Central condena Brasil a uma depressão

Segundo Dilma, o governo Lula assumiu o poder há muito pouco tempo para ser cobrado pela situação econômica do país, como vem sendo criticado.

João Gabriel - Folhapress - segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023 - 08:53

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) criticou, neste domingo (12), as taxas de juros praticadas pelo Banco Central, ecoando as falas de Luiz Inácio Lula da silva (PT) contra a gestão de Roberto Campos Neto à frente da instituição.

Segundo Dilma, o governo Lula assumiu o poder há muito pouco tempo para ser cobrado pela situação econômica do país, como vem sendo criticado. Ela afirmou ainda que os juros de 13,75% determinados pelo BC irão atrapalhar o desenvolvimento econômico do país.

“Quero dizer que, quando o presidente questiona as taxas de juros, ele está defendendo o futuro do seu governo”, disse a ex-presidente durante evento de aniversário de 43 anos do partidoPara ela, a taxa de juros condena o Brasil a “uma depressão, um momento de perda de renda, de emprego”.

Além de pressionar as expectativas de inflação e a curva de juros, causando um efeito reverso ao pretendido, as declarações do presidente Lula e do PT contra o Banco Central têm sido permeadas por imprecisões e exageros.

Apesar de a autoridade monetária fazer mais referências à área fiscal agora do que sob Bolsonaro -mais até que durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando as contas públicas registraram um rombo sem precedentes-, citações a números errados, reclamações de que a autarquia supostamente teria se calado no governo anterior e a desconsideração sobre o risco inflacionário na artilharia contra os juros representam tropeços que minam o discurso do partido.

Durante o evento do PT, Dilma também defendeu que a Eletrobrás seja estatal e que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) –capitaneado por Aloizio Mercadante, alvo de críticas da oposição– seja remodelado.

“Precisa uma remodelação do BNDES no sentido de ser um banco de investimento”, afirmouDilma deve assumir o banco internacional dos Brics. Questionada na saída do evento, ela não respondeu sobre essa possibilidade.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abriu diálogo com o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Marcos Troyjo, para que ele renuncie à presidência da instituição, conhecida também como Banco do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O mandato dele no cargo vai até 2025.

Crítico de Lula (PT), Troyjo foi comentarista da Jovem Pan e colunista da Folha, e chegou a se referir ao petista como “presidiário” em participações na rádio.

Quando Jair Bolsonaro (PL) chegou à Presidência da República, ele foi convidado pelo então ministro Paulo Guedes para assumir a secretaria especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia.

Em maio de 2020, foi indicado por Guedes para presidir o Banco do Brics, quando foi eleito para um mandato de cinco anos. Ele tinha sido fundador do BricLab, centro de estudos sobre os Brics na Universidade de Colúmbia (EUA).

A relação do Brasil com os Brics é prioridade para o presidente, que demonstraria a importância que dá ao tema indicando a ex-mandatária para a missão. Haddad já conversou pelo menos duas vezes com Troyjo.

Dilma Rousseff resistiu no princípio à ideia de assumir o Banco do Brics, já que a sede da instituição fica em Xangai -um voo direto da cidade ao Brasil dura cerca de 30 horas.

Mas o desafio da atual conjuntura brasileira e internacional teria feito com que ela mudasse de ideia, admitindo assumir o comando da instituição.

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