Economia
Curitiba registra maior alta do Brasil no preço dos alimentos, segundo Dieese

Curitiba registra maior alta do Brasil no preço dos alimentos, segundo Dieese

O preço dos alimentos subiu 4,7% em Curitiba, no mês de outubro. Nos primeiros dez meses do ano, a alta é de 18,4% – o m..

David Musso - BandNews FM Curitiba - segunda-feira, 8 de novembro de 2021 - 17:44

O preço dos alimentos subiu 4,7% em Curitiba, no mês de outubro. Nos primeiros dez meses do ano, a alta é de 18,4% – o maior aumento acumulado do Brasil para 2021. Nos últimos 12 meses, a alta é ainda maior, de 22,8%, segundo dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). As informações são da BandNews Curitiba.

Para o economista do Dieese Paraná, Sandro Silva, a capital paranaense demorou a ser afetada pelos efeitos da inflação nos alimentos, na comparação com outras cidades.

“É importante destacar que Curitiba no ano passado, enquanto outras capitais estavam subindo muito, Curitiba até que não estava subindo tanto. Começou a ter um impacto maior nesse ano. Acredito que isso tenha a ver com o fato de o estado e a região de Curitiba serem fortes produtores de diversos produtos, e se demorou um pouco mais para sentir a alta nos preços do que em outras capitais”, avalia Sandro Silva.

Em outubro, a cesta básica custou, em média, R$ 639,89, em Curitiba. O valor corresponde a 63% do salário mínimo nacional – de R$ 1.100.

Para o economista, a alta de preços deve continuar a ser observada na capital paranaense no período de final de ano. Ele avalia que o cenário nos próximos meses deve seguir a tendência de aumento nos preços.

“Dificilmente a gente tenha num curto prazo uma reversão dessa tendência, uma queda significativa no preço dos itens da cesta básica. Pontualmente podemos ter queda em um mês ou outro, influenciado por algum produto que pese muito. A alta que tivemos em outubro, por exemplo, foi muito influenciada por dois produtos que aumentaram muito, o tomate, com quase 29%, e a batata que aumentou 25%. Mas a tendência é que os preços permaneçam altos nesse final de ano e no início de 2022”, completa o economista do Dieese.

Das 17 capitais do Brasil pesquisadas pelo Dieese, 16 anotaram alta no preço dos alimentos. Pandemia, crise hídrica, desvalorização do real em relação ao dólar e preço dos combustíveis são conhecidas causas que têm afetado o preço dos alimentos, neste ano.

Para o professor universitário e economista José Pio Martins, esses 4 fatores foram observados de forma simultânea no Brasil, o que ocasionou a disparada nos preços dos alimentos em todo país.

“Pandemia, crise hídrica e falta de chuvas como nunca tínhamos visto, somadas ao preço do dólar e o preço do petróleo e seus derivados. Esses são os quatro fatores essenciais para explicar esse problema. E o Brasil teve o azar de os quatro acontecerem simultaneamente”, pondera.

A crise hídrica tem prejudicado a produção dos alimentos, provocando a alta de frutas e vegetais. O quilo do café e tomate, por exemplo, registrou alta em todas as capitais do país. O preço do açúcar subiu em 15 capitais. Já a alta no preço dos combustíveis, reflete em toda a cadeia produtiva, já que parte substancial da produção nacional é transportada em caminhões, pelas rodovias do país. Outro fator que contribui para a alta dos preços dos alimentos no cenário nacional é a alta do dólar em relação ao real.

Segundo o professor, o dólar mais caro torna mais atrativo ao produtor de alimentos vender a produção para fora do país, do que no mercado interno.

“Quando se fala em preço do dólar, os alimentos não subiram apenas por que o país exporta alimentos. O Brasil exporta carne de frango, carne de boi, soja, açúcar, entre outros. Se o preço do dólar aumentou muito, os preços internacionais para o produtor que exporta subiram muito, levando em conta a exportação em dólar e a conversão em reais com uma taxa de câmbio muito alta”, explica Pio Martins.

Quando considerado o valor da cesta básica, Curitiba é a 8ª capital do país com o preço mais alto. Florianópolis lidera a lista – por lá a cesta básica sai ao custo de R$ 700,69. A capital catarinense é seguida por São Paulo, onde os alimentos básicos custam R$ 693,79; e por Porto Alegre, onde a cesta custa R$ 691,08.

A cesta básica mais barata do Brasil é de Aracaju. Na capital sergipana a lista de alimentos custou R$ 464,17. Confira aqui o relatório completo do Dieese.

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