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Ratinho Junior ganha mais uma e Copel deve ser privatizada no dia do “avô”

Ratinho Junior ganha mais uma e Copel deve ser privatizada no dia do “avô”

Companhia Paranaense de Energia (Copel) deve lançar ainda hoje (26) sua oferta subsequente de ações mesmo depois da tentativa de resistência da oposição.

Pedro Ribeiro - quarta-feira, 26 de julho de 2023 - 10:12

 

Notícia publicada nesta quarta-feira pelo jornal Valor sobre a Copel deve ter surpreendido a oposição que não quer a venda da companhia, como tem lutado nestes últimos meses, o deputado petista, Arilson Chiorato.

Segundo o Valor, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) deve lançar ainda hoje (26) sua oferta subsequente de ações (“follow-on”) que tem como objetivo privatizar a companhia do Estado do Paraná, apurou o Valor. 

Foram várias sessões na Assembleia Legislativa, investidas no BNDES, denúncias de dívidas da Copel, mas tudo, pelo menos por enquanto, sem sucesso, pois a companhia deverá ser mesmo privatizada.

O lançamento da operação ocorre “coberta”, ou seja, com demanda de investidores âncoras, incluindo estrangeiros, conforme fontes. Os detalhes da transação foram antecipados pelo Valor. Posteriormente, a empresa confirmou a oferta.

A precificação da oferta, que culminará ao final na privatização, ainda segundo fontes, deverá ocorrer no dia 8 de agosto. O aval do Tribunal de Contas da União (TCU) é esperado para ocorrer até o dia 2, que é quando termina o prazo regimental para o órgão dar sua opinião sobre o valor de R$ 3,71 bilhões definido pelos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda pela outorga das usinas Salto Caxias, Segredo e Foz do Areia, ativos somam 4.176 megawatts (MW) de capacidade instalada.

A oferta será secundária, ou seja, com o Estado do Paraná vendendo parte de sua participação acionária, saindo assim do controle. O anúncio do plano do governo do Paraná em transformar a Copel em empresa de capital disperso e sem acionista controlador (corporação) ocorreu num contexto de que seria para levantar recursos para financiar um pacote de investimentos.

Está prevista também uma tranche primária, que resultará em injeção de capital no caixa da empresa e também servirá para pagar a União o bônus de outorga para renovação das concessões. O total da oferta deverá girar em torno de R$ 5 bilhões, conforme antecipou o Valor em abril. O humor do mercado está mudando com a expectativa de corte de juros, o que ajuda no acesso aos recursos.

São coordenadores da oferta o BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, UBS BB e Morgan Stanley. O Estado pretende diluir na operação para 10% do capital ordinário (hoje são 69,7%) e para 15% do capital total, ante a participação atual de 31,1%. Além disso, terá uma ação de classe especial, “golden share”, com poder de veto, que visa garantir os investimentos da Copel Distribuição, principal braço da companhia.

Falta ainda a definição do preço mínimo pelo Tribunal de Contas do Paraná (TCE) para a definição do preço de venda das ações. Além disso, há o embaraço com o BNDES, que tem parte relevante na elétrica paranaense. O banco detém cerca de 24% do capital total da Copel, sendo 12,4% de ações ordinárias e 31% de preferenciais, e se manifestou recentemente contra a entrada da Copel no Novo Mercado “por entender que tal mecanismo diluiria os interesses econômicos e políticos da BNDESPar na companhia”.

A posição contrária ocorreu na última assembleia de acionistas e se deu por entender que o modelo de ‘corporation’ proposto, ao restringir os direitos políticos dos acionistas em no máximo 10% do valor representativo do capital social, pode levar a um desequilíbrio dos interesses dos acionistas minoritários da companhia.

O pano de fundo dessa discussão é que o BNDES não quer que aconteça na Copel o que se verificou na Eletrobras, empresa na qual a União tem 43% do capital, mas só vota com 10% das ações. Este ponto da privatização da Eletrobras é, inclusive, questionado pelo governo no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao que tudo indica, o BNDES, não deve vender parte de suas ações, já que a BNDESPar, empresa de participações societárias do banco, disse em entrevista feita em março ao Valor que a venda massiva de ações de companhias nas quais é sócio não é uma estratégia.

Fonte: Valor Econômico

 

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