O Brasil é uma coisa de cinema
Por Alceo RizziMinistro do STF, Gilmar Mendes, acusa a Lava Jato de ser “pai e mãe” da insanidade representada n..
Por Alceo Rizzi
Ministro do STF, Gilmar Mendes, acusa a Lava Jato de ser “pai e mãe” da insanidade representada na figura presidencial, que surgiu da repulsa ao que havia. Declaração dada no mesmo dia em que libera o ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivela, da prisão domiciliar em que se encontrava com uso de tornozeleiras, acusado de corrupção no exercício do cargo.
Foi uma decisão tomada igual a dezenas ou quem sabe centenas de outras tantas de forma monocrática, antes mesmo de existir a Lava Jato, o que sem dúvida só engrandeceu e amealhou simpatia da população ao STF, longe dele ser exposto as mais variadas suspeições por decisões tomadas. Se exime, como também dá ao seu critério verborrágico, um salvo conduto aos governos anteriores, do populismo sindical ainda se debatendo em esclarecer assombrosa transações, também elas sem efeito sobre o ânimo da população, como quer fazer crer.
Transforma-se agora em valente combatente, paladino de moralidade por conta de pretensos instrumentos, e argumentos havidos em gravações de conversas clandestinas que um ex-juiz e ex-ministro, junto com procuradores do MP, deram como deixa, por suposta má conduta, messianismo e carga de infantilismo que agregaram a Lava Jato, usando o adjetivo de outro colega de toga alta corte, ministro Edson Fachin.
O Brasil tem dessas virtudes incompreendidos, em que as circunstâncias mudam e alternam protagonismo no exercício da representação do Bem e do Mal, tudo depende do lado em que se veja. O magistrado injustamente questionado muitas vezes por suspeição de decisões dadas, passa a ser agora festejado por desafetos. Os heróis de antes se tornam bandidos, até que no fim da película já não se saiba mais quem de fato é o mocinho, ou se descubra que ele nem sequer constava do roteiro. O Brasil é coisa de cinema.
Alceo Rizzi é jornalista